Folha de S.Paulo

Não foi o que pensei, diz Poliana sobre vida pós-medalha

Bronze na maratona aquática, brasileira perdeu patrocínio e tem dificuldad­e para pagar a sua equipe

- PAULO ROBERTO CONDE

RIO-2016

A nadadora Poliana Okimoto, 33, não esconde o orgulho de ter se tornado, nos Jogos do Rio, a primeira maratonist­a aquática brasileira a subir a um pódio olímpico.

Mas, passado o período de encantamen­to, o bronze na prova dos 10 km obtido em Copacabana não teve o reflexo esperado em sua carreira.

“Para falar a verdade, depois da medalha o sentimento foi o contrário de tudo o que imaginei. A coisa ficou preta mesmo”, afirmou.

Poliana disse que teve o patrocínio que recebia dos Correios cortado e, por isso, precisou recorrer às próprias economias para manter seu treinament­o em dia.

A verba da estatal lhe ajudava a custear uma equipe multidisci­plinar com seis componente­s: massagista, psicólogo, nutricioni­sta, fisioterap­euta, preparador físico e seu técnico, Ricardo Cintra, também seu marido.

“Teria que pagá-los do bolso, mas não consigo. O massagista e a nutricioni­sta têm trabalhado sem receber, de maneira voluntária”, disse.

A nadadora comentou que, no momento, tem se agarrado ao pagamento que recebe de seu clube, a Unisanta, de Santos (SP). Ela também era contemplad­a da Bolsa Pódio, paga pelo Ministério do Esporte, que ainda não teve um novo edital lançado.

Segundo Poliana, a programaçã­o para a temporada de 2017 está em xeque em razão da falta de recursos. Ela disputará a primeira etapa da Copa do Mundo de maratona aquática, na cidade argentina de Viedma, em fevereiro.

Contudo, não sabe se terá condições de disputar todas as etapas do circuito, que se estende até outubro. “Ainda não temos uma programaçã­o para o ano que vem”, disse.

Após tirar as “primeiras férias em dois anos” —que incluiu viagens à Índia, às Ilhas Maldivas e a Cingapura—, ela disputou neste mês uma travessia no Rio que já fez parte de sua preparação para 2017.

“Em quase 20 anos de seleção brasileira, nunca tive tanto receio. Não sei se vou ter verba para disputar o circuito mundial”, afirmou Poliana, para depois ressaltar que ela e o marido têm trabalhado para obter novo apoio.

A paulistana foi campeã da Copa do Mundo em 2009 e vice-campeã agora, em 2016.

Em Campeonato­s Mundiais, ela já foi ouro nos 10 km na edição de Barcelona-2013.

Além das etapas do circuito, outro torneio importante nesta próxima temporada é o Campeonato Mundial de Budapeste (Hungria), em julho.

“Eu fico na expectativ­a de que a situação melhore um pouco, para mim e para o esporte brasileiro. Se eu, com uma medalha, estou assim, imagino para o menino novo, que está começando”, desabafou a medalhista olímpica.

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David Goldman - 15.ago/AP Photo Poliana sobe ao pódio para receber a medalha de bronze na maratona aquática da Rio-16

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