Putin agiu em benefício de Trump, diz relatório dos EUA
Russo ordenou ‘campanha de influência’, afirmam agências de inteligência
Presidente eleito disse, após receber papéis, que o resultado da votação não foi afetado por ataques de hackers
Relatório das agências de inteligência dos EUA divulgado nesta sexta-feira (6) afirma que o presidente russo Vladimir Putin ordenou uma “campanha de influência” em 2016 visando as eleições presidenciais nos Estados Unidos, com o objetivo de enfraquecer o processo democrático e atingir a reputação da democrata Hillary Clinton.
“Nós avaliamos que Putin e o governo russo desenvolveram uma clara preferência pelo presidente eleito [Donald] Trump”, diz o relatório.
“Também avaliamos que Putin e o governo russo buscaram ajudar as chances de eleição do presidente eleito Trump sempre que possível, ao desacreditar a secretária Clinton e publicamente comparando-a desfavoravelmente a ele”, afirma trecho do documento.
O relatório, uma versão não-confidencial das informações que foram apresentadas a Trump em reunião do republicano com chefes das agências de inteligência nesta sexta (6), diz que o esforço russo incluiu invadir as contas de email de democratas como John Podesta, chefe de campanha de Hillary, espalhar informações falsas e fazer comentários negativos em redes sociais.
Não há, porém, indício de que a Rússia tenha tido interferência sobre a contagem de votos ou que tenha invadido máquinas de votação.
Foi a primeira vez que as agências de inteligência nomearam Putin como responsável pelos ataques cibernéticos. O relatório afirma que os emails invadidos foram entregues pelos russos ao site Wikileaks, de Julian Assange, que nega. RESULTADO INALTERADO Trump, disse após receber o relatório nesta sexta que o resultado das eleições de 2016, vencidas por ele, não foi afetado pelos ataques de hackers.
Mas Trump deu a entender pela primeira vez que admite a possibilidade de que o Partido Democrata sofreu ataques pelos russos.
Mais cedo, antes da reunião com os chefes de inteligência, ele havia dito que a polêmica sobre a Rússia ter afetado as eleições era “uma caça às bruxas política”.
Trump disse após a reunião que “a Rússia, a China e outros países, outros grupos e povos” buscam atacar instituições dos Estados Unidos, incluindo a diretoria do Partido Democrata. “Não houve absolutamente nenhum efeito no resultado da eleição, incluindo o fato de que não houve qualquer interferência nas máquinas de votação”, afirmou o presidente eleito.
Trump afirmou que vai criar um grupo que terá como missão apresentar em 90 dias após sua posse um plano para prevenir ataques cibernéticos, mas que esse plano seria mantido em segredo.
“Os métodos, ferramentas e táticas que usaremos para manter os EUA seguros não devem ser uma discussão pública, que beneficie quem quer nos atacar”, disse.
A Rússia nega as acusações do governo norte-americano de participação em ataques durante a campanha.
A reunião entre Trump e os chefes das agências de inteligência vem depois de um período de desentendimentos DONALD TRUMP RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA DE AGÊNCIAS DOS EUA entre eles, já que Trump tem criticado as conclusões das agências sobre a Rússia.
As suspeitas da participação da Rússia em ataques cibernéticos ligados às eleições vêm desde o meio do ano passado, quando houve um primeiro vazamento de quase 20 mil emails de funcionários do Partido Democrata. DIPLOMACIA A equipe de transição de Trump decidiu que embaixadores indicados por motivos políticos terão que deixar seus postos antes da posse do novo presidente, de acordo com diplomatas.
A decisão rompe um precedente estabelecido há décadas ao recusar qualquer possibilidade de extensão de seus mandatos.
A ordem ameaça deixar os Estados Unidos desprovidos durante meses de representantes em países cruciais como Alemanha, Canadá e Reino Unido, já que os novos indicados têm que ser aprovados pelo Senado.
No passado, governos de ambos os partidos costumavam prolongar o serviço de embaixadores para permitir que alguns deles –especialmente os que têm filhos em idade escolar– mantivessem seus postos por mais algumas semanas ou meses.
Trump, pelo contrário, adotou linha dura ao não permitir a extensão da permanência de indicados políticos do presidente Barack Obama em seus postos.
“absolutamente nenhum efeito no resultado da eleição, incluindo o fato de que não houve interferência nas máquinas de votação Nós avaliamos que Putin e o governo russo desenvolveram clara preferência por Trump