Maduro tenta anular eleição no Legislativo
Chavistas vão à Justiça para tirar cúpula da Assembleia, que prometeu declarar abandono de cargo na Venezuela
Militares rejeitam apoio à oposição e reafirmam lealdade a presidente; para líderes legislativos, país virou ditadura
A bancada governista da Assembleia Nacional da Venezuela pediu nesta sexta-feira (6) ao Judiciário a anulação da eleição da nova mesa diretora da Casa, dominada há um ano pela oposição.
O recurso é apresentado um dia depois que o novo presidente do Legislativo, Julio Borges, prometeu dar prosseguimento à declaração de abandono de cargo do presidente Nicolás Maduro.
Os aliados do chavista consideram que a troca de comando não tem valor porque o Legislativo foi declarado em desacato pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), a Suprema Corte, por empossar deputados impugnados.
O líder governista na Casa, Héctor Rodríguez, confirmou ser uma retaliação contra Borges, que defendeu a convocação de novas eleições e protestos contra o governo.
“Não vamos permitir que em 2017 esta assembleia perturbe o país. O que ele [Borges] fez ontem foi dar um chute no esforço de diálogo ao convocar as ruas”, disse.
Além do recurso ao TSJ, os parlamentares chavistas pediram à Controladoria-Geral da República que estabeleçam as responsabilidades políticas e administrativas da direção do Legislativo devido ao desacato ao Judiciário.
A expectativa é que ambas as medidas sejam deferidas pelos órgãos, que são compostos, em sua maioria, por
Em resposta à iniciativa da bancada governista, o presidente do Legislativo chamou o governo chavista de ditadura por concentrar os poderes.
“Não podem nos submeter à chantagem de termos uma Assembleia Nacional de joelhos, que, se faz algo contra o governo, tem suas decisões anuladas”, disse Julio Borges.
Para Guevara, o momento deve ser de pressão nas ruas. “Temos que ter consciência de que, desde que foi eliminada a possibilidade do revogatório [do mandato de Maduro], o governo seguiu o caminho de não consultar as pessoas.”