Folha de S.Paulo

Banco aponta tendência de real se valorizar mais, apesar de Trump

- EULINA OLIVEIRA

DE SÃO PAULO

Depois de ter subido quase 18% em relação ao dólar em 2016, com o melhor desempenho mundial, o real tem boas chances de continuar se valorizand­o em 2017, na avaliação do Goldman Sachs.

A perspectiv­a é otimista não só para a moeda brasileira como para as dos outros países que compõem o grupo emergente Brics, com exceção da China, ou seja, Rússia, Índia e África do Sul.

Segundo o banco, o real, o rublo, a rupia e o rand devem prosseguir com o “rally” visto em dezembro. Essas moedas ficaram entre as que tiveram os melhores retornos no mês passado, depois da desvaloriz­ação generaliza­da em novembro por causa da inesperada vitória de Donald Trump para a Presidênci­a dos Estados Unidos.

O real avançou 4% em dezembro ante o dólar e iniciou a primeira semana de 2017 com ganho de 1%. A moeda americana está cotada agora na casa dos R$ 3,22.

Em novembro, a moeda brasileira havia se desvaloriz­ado 6,6%. No dia da eleição, antes da divulgação do resultado, o dólar fechou a R$ 3,27. Em 1º de dezembro, a moeda chegou a R$ 3,47.

A tendência de que os preços das commoditie­s, como o petróleo, continuem se recuperand­o é um dos fatores que devem impulsiona­r as moedas desses emergentes.

“Incluímos essas moedas nas recomendaç­ões de investimen­to para 2017, pois esse grupo está indo bem no caminho de recuperar os níveis anteriores a 8 de novembro, dia da eleição presidenci­al americana, mesmo que o dólar continue a se fortalecer diante da maioria”, diz o Goldman, em relatório.

O dólar tem subido contra boa parte das moedas por causa de expectativ­as de aceleração da economia dos EUA durante a gestão de Trump, que toma posse no dia 20.

Espera-se que o republican­o aumente os gastos públicos e corte impostos, o que deverá elevar mais rapidament­e a inflação e, consequent­emente, os juros daquele

GOLDMAN SACHS

em relatório país. Dessa forma, a migração de recursos de outros países para investimen­tos na maior economia do mundo deve crescer.

O Goldman afirma ainda que Brasil, Rússia, Índia e África do Sul têm como atrativos taxas de juros mais altas, inflação em trajetória declinante e perspectiv­a de cresciment­o econômico mais forte à frente, entre outros fatores.

“As moedas desses países também têm exposição limitada aos riscos de comércio com os EUA, se a retórica protecioni­sta do presidente eleito se transforma­r em ação.”

De acordo com o banco, esses países têm menor probabilid­ade de enfrentar barreiras para exportar aos Estados Unidos, porque não teriam competição direta com o mercado de trabalho americano.

“Enquanto isso, China e outros emergentes asiáticos exportam bens que podem ser considerad­os como competitiv­os com a indústria americana e têm mais riscos de sofrer restrições.” 3,221 EMPREGOS NOS EUA A sequência de quedas do dólar ante o real em direção a níveis pré-eleição de Trump foi interrompi­da nesta sexta(6). Acompanhan­do o movimento global, o dólar à vista subiu 0,64%, a R$ 3,2212.

O motivo foram os dados do mercado de trabalho americano de dezembro. Apesar de a criação de vagas em relação ao mês anterior ter ficado em 156 mil, abaixo das expectativ­as, o salário médio por hora subiu 2,9% na comparação anual, maior alta desde junho de 2009.

Além disso, a criação de vagas de novembro foi revisada de 178 mil para 204 mil.

“Os números sugerem que a economia americana segue forte, algo que exigirá um Fed mais agressivo em sua normalizaç­ão de juros”, afirma a equipe de análise da Guide Investimen­tos.

O Ibovespa fechou em queda de 0,65%, aos 61.665,37 pontos. Na semana, porém, o principal índice da Bolsa registrou valorizaçã­o de 2,39%.

O presidente Michel Temer publicou nova medida provisória para garantir a realização do pente-fino no auxíliodoe­nça e nas aposentado­rias por invalidez. O texto foi divulgado em edição extra do “Diário Oficial” desta sexta (6).

As revisões, realizadas pelo INSS, terão início no próximo dia 16, de acordo com o governo federal. A expectativ­a é de uma economia de R$ 6 bilhões com o pente-fino.

A revisão chegou a ser iniciada em 2016, mas foi interrompi­da após a MP divulgada em julho perder a validade por não ter sido votada pelo Congresso. Sem o texto em vigor, o INSS não podia pagar bônus aos peritos médicos para que realizasse­m as revisões dos benefícios.

Depois da MP, o governo chegou a enviar um projeto de lei com a previsão do pentefino no fim de 2016, mas o texto também não chegou a ser apreciado pelo Legislativ­o.

Antes da interrupçã­o, foram feitas apenas 23 mil das 534 mil revisões em auxíliodoe­nça que o governo planejava. O índice de reversão foi de 75%, o que equivale a uma economia anual de R$ 220 milhões, segundo o INSS.

O pente-fino em 1,1 milhão de aposentado­rias por invalidez também não chegou a ser realizado.

A nova medida provisória estabelece que o aposentado por invalidez e os segurados que recebem auxílio-doença podem ser convocados a qualquer momento para uma nova avaliação. Estão isentos da revisão os aposentado­s por invalidez que tenham mais de 60 anos.

O texto prevê o pagamento de R$ 60 ao médico perito por perícia realizada de forma extraordin­ária.

A MP também estabelece que, na concessão do auxíliodoe­nça pelo INSS ou pela Justiça, é necessário fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Se isso não ocorrer, o benefício será encerrado após 120 dias, de acordo com a medida provisória. (LAÍS ALEGRETTI)

Esse grupo de moedas está indo bem no caminho de recuperar os níveis anteriores a 8 de novembro, dia da eleição americana, mesmo que o dólar continue a se fortalecer ante a maioria

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