Prefeitura tira moradores de rua e os ‘envelopa’ sob viaduto
A secretaria estadual disse que não foi notificada até a noite desta sexta sobre a decisão judicial, mas que se manifestará “juridicamente”.
Segundo a secretaria, o governo buscou a fórmula que beneficia a maior parte dos usuários do transporte metropolitano e que ao mesmo tempo preserva a saúde financeira do sistema, recompondo a inflação do período.
“O valor do bilhete unitário foi congelado em R$ 3,80 e o governo manteve um desconto na integração, embora o percentual tenha caído de 22% para 10,5%”, diz o texto.
De acordo com a secretaria, atualmente não utilizam a integração 63% dos passageiros da CPTM e 51% dos usuários do Metrô.
Moradores de rua que vivem na praça 14 Bis, na região da Bela Vista, centro de São Paulo, acordaram ouvindo ordens: “Saiam daqui, se não o ‘rapa’ vai tirar vocês. A quadra está liberada para todos.”
A quadra fica sob o viaduto Dr. Plínio de Queiroz, cercada por grades, e faz parte de um espaço onde muitos moradores de rua já estão assentados. Nesta quinta (5), como revelado pelo G1, a prefeitura pendurou uma tela verde nas grades, que esconde a maloca de quem passa por fora.
Os moradores de rua dizem que a orientação para sair da praça veio de um homem chamado Adriano, que se recusou a falar com a Folha.
Segundo a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da gestão João Doria (PSDB), Soninha Francine, ele trabalha como voluntário na abordagem a moradores de rua e foi de fato avisá-los, por orientação de seu gabinete.
Segundo a prefeitura, a nova acomodação atende a um pedido dos próprios moradores de rua, que reclamam da exposição na calçada —eram xingados e fotografados por moradores do bairro.
Os vizinhos pedem a saída dos moradores de rua. Eles fizeram o pleito em uma reunião com dois representantes dos moradores de rua, da GCM e com a secretária, na terça (2).
Ficou acordado que em até seis meses a prefeitura encontraria uma solução para retirar todos os moradores de rua do espaço —são 55, segundo uma assistente social que os acompanha. Nesta semana, um estacionamento irregular sob o viaduto foi liberado pela prefeitura.
“Querem esconder a gente”, diz Willian Davi da Silva, 25, que dorme na praça e faz bicos como garçom e marceneiro. “Fui no mercado de manhãzinha e, quando voltei, foi essa confusão toda.”