É comum encontrar todas as partes ainda em conexão orgânica”, afirma Simões.
grupo das Aspidella, já encontrados em outros registros da biota de Ediacara. “São fósseis enigmáticos, de distribuição global. A associação delas com outros fósseis, representados por estruturas frondosas e na forma de talos, levaram os pesquisadores a interpretaremnas como estruturas de fixação de organismos”, explica Marcello Simões, da da Unesp de Botucatu, também autor do estudo.
O bicho inteiro, portanto (se é que era animal), lembraria vagamente uma folha ou uma pena fincada numa base redonda no leito marinho —no caso dos achados da Argentina, numa área rasa, próxima da praia, que poderia ficar temporariamente descoberta dependendo da maré.
A criatura usaria sua fronde ou folha para filtrar nutrientes da água do mar. Segundo María Julia, a luz solar talvez fosse importante para a sobrevivência de tais criaturas.
“Ocorre que, durante a vida do organismo ou mesmo após sua morte, as diferentes partes anatômicas, como o disco basal, o ‘talo’, a ‘fronde’, poderiam se desconectar, de forma que nem sempre SUMIÇO Quando comparados com os grandes grupos de seres vivos complexos atuais, os Aspidella são considerados mais próximos dos animais —ou talvez dos fungos, como os cogumelos modernos.
“As formas com frondes não parecem ter sobrevivido até o intervalo de tempo seguinte”, diz Fernanda Quaglio, da Universidade Federal de Uberlândia (MG), outra coautora da pesquisa.
Essa fase da história do planeta é o Cambriano, que começa há 541 milhões de anos e se caracteriza pela primeira grande explosão de diversidade dos animais, com a chegada dos ancestrais de insetos e vertebrados.
“Uma hipótese é que, com o surgimento desses novos organismos, a dinâmica da coluna d’água mudou. Antes, as águas eram riquíssimas em nutrientes”, explica Fernanda. Com menos comida para absorver ou filtrar por causa da presença dos concorrentes, os misteriosos “bichoscaules” teriam perecido. OUTROS FÓSSEIS DA ÉPOCA