As malas e os celulares foram retidos —todos entraram apenas com uma sacola de roupas.
CONTROLE CUBANO Segundo eles, o centro é controlado por detentos cubanos, que determinam desde o local onde dormem até o fornecimento de maconha e cocaína, consumidos abertamente.
Em troca de uma transferência de US$ 300 feita do Brasil a uma mulher indicada pelos cubanos, os brasileiros tiveram alguns benefícios em relação aos outros detentos, que incluem principalmente haitianos.
Para descansar, conseguiram uma cama de solteiro —a cada noite, dois dormiam no colchão e três no chão. Um privilégio em comparação a cubanos recém-chegados, abrigados em barracos improvisados com sacos plásticos no pátio.
Em troca de US$ 50, era possível até arranjar um programa com uma cubana —as mulheresestãoseparadaspor uma tela de arame. “Eles oferecem: ‘Nós fazemos acasalamento’”, relatou um deles.
A principal reclamação era a comida, servida três vezes ao dia em pequenas quantidades e considerada de péssima qualidade. Mesmo com fome, muitas vezes pulavam a refeição.
O local, de acordo com os brasileiros, é infestado de ratos, que circulam pela água de esgoto. O banheiro, imundo, não tem papel higiênico —era preciso economizar o pequeno guardanapo servido junto com as refeições.
Os brasileiros acusaram o centro de não permitir o uso do telefone para acionar o consulado. O contato só foi feito no terceiro dia, por meio do celular de um cubano.
A representação brasileira só foi contatada porque os brasileiros escreveram, por meio do WhatsApp, para um mineiro que havia anotado o seu nome e número numa parede do centro.
Procurado pela reportagem, a Chancelaria bahamense, responsável pela administração do centro de detenção Carmichael Road, não respondeu às perguntas enviadas por e-mail.
Na quinta-feira (5), o grupo conseguiu, enfim, embarcar de volta ao Brasil, depois que os parentes compraram e enviaram passagens aéreas.
Cada um afirma ter sofrido um prejuízo de cerca de US$ 1.300 gastos na viagem.
O preço da travessia era de US$ 20 mil, que só seriam pagos em caso de sucesso.
Dos cinco brasileiros, três já haviam morado nos Estados Unidos.
Apenas um deles disse que ia continuar tentando: “O sonho não acabou, só foi interrompido.” (FM)