Folha de S.Paulo

Jovem tenista sul-coreano busca top 100 sem ouvir nada dentro de quadra

Lee Duck-hee, 18, atual 149º colocado do ranking mundial, é um caso raro de tenista com deficiênci­a auditiva na elite do esporte

- DANIEL CASTRO

O impacto entre a raquete e a bolinha, os gritos do adversário após rebater e as marcações do árbitro: nenhum desses sons é ouvido em quadra por Lee Duck-hee.

O sul-coreano de 18 anos é um dos raríssimos casos de tenistas surdos nos principais torneios do esporte. Atual 149º do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profission­ais), ele tem metas realistas, mas que se forem alcançadas o colocarão em outro patamar na modalidade.

“Quero entrar no top 100. Também ser campeão de um challenger [um nível abaixo dos torneios da ATP] e ganhar um jogo na chave principal de um Grand Slam”, afirmou.

A deficiênci­a o acompanha desde o nascimento. Ao longo dos anos, aprendeu a fazer leitura labial e a falar. Em alguns casos, porém, conta com a ajuda de seu primo e treinador, Woo Chung-hyo, para se comunicar.

Ouvir os golpes é considerad­o crucial no tênis. É comum que os tenistas reclamemde­barulhosqu­epossam interferir durante os pontos.

Em setembro do ano pas- sado, o som da chuva caindo sobre o teto retrátil da quadra central do Aberto dos EUA incomodou Andy Murray.

“Usamos nossos ouvidos quando jogamos, não apenas os olhos. Isso nos ajuda a pegar a velocidade da bola, o efeito colocado e quão forte foi batida”, disse à época.

Lee, no entanto, não considera sua deficiênci­a uma desvantage­m. “Eu jogo tênis sem nenhum som desde a primeira vez que joguei. Então, pelo menos para mim, isso não afeta muito”, afirma.

De acordo com ele, a maior dificuldad­e é não ouvir as marcações do árbitro.

“Se o árbitro não faz gestos corporais, eu não sei se ainda tenho duas chances para sacar ou apenas uma. Às vezes perco a oportunida­de de sacar forte por achar que era um segundo saque”, afirma. ASCENSÃO Lee está em ascensão. Ele começou 2016 na 229ª posição do ranking e chegou à 143ª, a melhor da carreira. Hoje, é o segundo mais bem colocado na sua idade.

Na próxima semana, o sulcoreano deve tentar uma vaga no Aberto da Austrália pelo qualificat­ório.

Ainda não há previsão de quando ele disputará um torneio no Brasil, mas o jovem já tem um pedido especial.

“Vi uma reportagem sobre o Aberto do Brasil, que treinou cachorros abandonado­s para que eles fossem pegadores de bola. Eu amo cães, então fiquei impression­ado. Se eu tiver a chance, eu quero receber bolas deles”, disse.

O sérvio Novak Djokovic, segundo colocado do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profission­ais), venceu o britânico Andy Murray, líder do ranking mundial por 2 sets a 1 (6/3, 5/7 e 6/4) na final do Torneio de Doha.

Apesar da vitória, Djokovic mostrou muita irritação durante a partida e chegou a ser advertido pela arbitragem.

O sérvio, que avançou à decisão após salvar cinco match points na semifinal contra o espanhol Fernando Verdasco, reclamava constantem­ente de seus erros.

O sentimento do atleta pode ser explicado pelas recentes JUCA KFOURI O colunista está em férias.

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Jean Chung - 12.out.2016/“The New York Times” Lee disputa torneio na Coreia do Sul
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Karim Jaafar/AFP Djokovic segura troféu do torneio com Murray ao fundo

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