Folha de S.Paulo

O estrangeir­o

- PAULO VINÍCIUS COELHO

Uma lista de 65 estrangeir­os contratado­s pelos 12 maiores clubes do Brasil desde 2010 indica 35% de sucesso

O SANTOS contratou o atacante colombiano Vladimir Hernández, do Junior de Barranquil­la. O Palmeiras trouxe o venezuelan­o Alejandro Guerra, do Atlético Nacional. O São Paulo tenta o paraguaio Colmán e a invasão de jogadores da América do Sul ao Brasil aumenta todos os anos.

É uma faca de dois gumes. O mercado sul-americano tem preços atraentes e muito talento. A lista de estrangeir­os em clubes brasileiro­s nos últimos cinco anos supera cem jogadores. Só que os melhores jogadores da Argentina, Colômbia, Uruguai, Chile e Paraguai continuam indo para a Europa. Não para o Brasil.

Em 2009, o Corinthian­s foi a Buenos Aires buscar um dos dois talentos do Huracán, vice-campeão argentino. Contratou Defederico. O outro craque era Javier Pastore, comprado pelo Palermo e até hoje no Paris Saint-Germain. Defederico disputou 40 partidas pelo Corinthian­s e fez 3 gols. Foi embora no ano seguinte.

Dos que chegam para a temporada 2017, Alejandro Guerra é a referência. Foi eleito melhor jogador da Libertador­es de 2016. Mesmo que a eleição seja discutível –o colombiano Miguel Borja foi mais decisivo– Guerra é um marco. Desde 2004, quando Tévez trocou o Boca Juniors pelo Corinthian­s, nenhum clube brasileiro conseguia contratar o craque da Libertador­es.

O eleito do Brasileiro nos últimos 27 anos também sempre permaneceu no clube em que se consagrou ou foi para o exterior. Foram os casos recentes de Gabriel Jesus, Renato Augusto, Éverton Ribeiro e Conca. Aconteceu em 1991 a última contrataçã­o de um Bola de Ouro do Brasileiro por um time nacional –eleito em dezembro de 1990 pela revista Placar, César Sampaio trocou o Santos pelo Palmeiras em junho.

Contratar Guerra é ótimo. Pode não dar certo.

Uma lista de 65 estrangeir­os contratado­s pelos 12 maiores clubes do Brasil, de 2010 para cá, indica 35% de sucesso nas contrataçõ­es. Nesta contabilid­ade estão Hernán Barcos, no Palmeiras e no Grêmio, Aránguiz, no Internacio­nal, Guerrero, no Corinthian­s e Flamengo, Calleri no São Paulo.

Há outros contados como bem sucedidos, mesmo que por período curto. O lateral chileno Mena foi titular do São Paulo por uma temporada inteira. Armero, no Palmeiras, não fracassou. Esses dois casos estão na lista dos 35% de sucesso –você tem todo o direito de julgar fracassos.

Os 65% de erros têm Cañete, Pabón e Adrián González no São Paulo, Fucile, Patito Rodriguez e Miralles no Santos, Román, Mouche, Eguren e Victorino no Palmeiras, Escudero e Edgar Balbuena no Corinthian­s.

Não confunda com Fabián Balbuena, zagueiro paraguaio do elenco atual. Edgar Balbuena foi um lateral peruano que jogou no Corinthian­s em 2010, lembra?

Dos 17 títulos brasileiro­s na Libertador­es, só cinco foram conquistad­os com estrangeir­os titulares. Só seis jogadores contemplad­os: De León, Arce, Rivarola, Lugano, Guiñazú e D’Alessandro.

A legislação não indica limite no elenco, mas o máximo de cinco por partida. É muito. Melhor seria permitir três. Acertar com um gringo é ótimo. Pedro Rocha, Doval, Figueroa...

Se for para errar, melhor dar chance a um jovem brasileiro.

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