Folha de S.Paulo

Profissões em risco

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RIO DE JANEIRO - Um estudo da Universida­de Oxford prevê que, em uma ou duas décadas, metade das ocupações atualmente em curso nos EUA será exercida por robôs. Quase ninguém mais discorda dessa afirmação, e a única dúvida é quanto ao tempo que isto levará. Por que uma ou duas décadas? Por que não um ou dois anos? Afinal, há não muito tempo, quem diria que segmentos tão tradiciona­is e queridos como os laboratóri­os de revelação fotográfic­a, as lojas de discos e as locadoras de vídeo seriam evaporados da economia?

Outro exemplo. A maior frota de táxis do mundo, o Uber, não tem um único táxi na garagem e, em breve, dispensará também os motoristas — porque os carros serão autônomos, rodarão sozinhos e pegarão os passageiro­s que os terão chamado por um aplicativo. É uma cadeia. Quando isso acontecer, ninguém mais precisará ter carro. Em consequênc­ia, os fabricante­s reduzirão de tal forma sua produção que será melhor entregála de vez aos robôs.

O fim da mão de obra passa também pela impressão em 3D, a qual, pelo que ouço dizer, já produz de sapatos, móveis e casas inteiras a crânios, dentes e orelhas humanos. E isso é só o começo —espera-se para logo o lanche completo do McDonald’s, incluindo o milk shake de Ovomaltine, cruelmente tomado ao Bob’s. Tudo impresso em 3D. A grande pergunta, na verdade, é: o que caberá ao ser humano fazer no futuro próximo?

Neste momento, parece já não haver função humana que, um dia, não possa ser desempenha­da por uma máquina. Nesse dia, talvez só nos restem aquelas que não interessar­em aos robôs, como vender mate na praia, trabalhar como gandula em estádios de futebol, levar o cachorro para fazer pipi na rua, catar piolhos nos filhos ou ser lutador de MMA.

Outra profissão em risco é a de colunista de jornal. Não por falta de assunto, mas por falta de jornal. AÉCIO NEVES

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