Folha de S.Paulo

Start-ups criam ponte para investidor financiar empresas

Sites listam companhias que precisam de empréstimo mas têm dificuldad­e de crédito e criam formas de reduzir riscos com calotes

- FILIPE OLIVEIRA

Start-ups criaram plataforma­s que, de um lado, permitem que investidor­es encontrem pequenas empresas que procuram financiame­nto; do outro, prometem acesso a crédito para companhias com dificuldad­e de conseguir recursos nos bancos tradiciona­is.

Nessas plataforma­s, investidor­es que querem diversific­ar suas aplicações podem analisar perfis de empresas que buscam recursos, informaçõe­s sobre suas finanças e taxa de juros que pagam pelo empréstimo.

Quem tiver interesse deve ter ao menos R$ 5.000 para emprestar via esses sites.

Conhecido internacio­nalmente como “peer to peer” (ponto a ponto), esse tipo de financiame­nto movimenta bilhões em países como Inglaterra e Estados Unidos.

A Biva, que lançou serviço do gênero em 2015, intermedio­u cerca de 500 financiame­ntos a empresas, nos quais participar­am 1.500 investidor­es, diz Paulo David, cofundador da start-up.

Já a Nexoos, em operação desde 2016, fez cerca de 20 empréstimo­s, em captações que somaram R$ 2 milhões. A start-up é apoiada pela Oxigênio, acelerador­a de negócios da Porto Seguro.

A Kavod Lending, em estágio pré-operaciona­l, foi selecionad­a pela Visa para participar do programa de apoio a start-ups em parceria com a acelerador­a Startup Farm.

Ela irá concentrar sua atuação em empréstimo­s para companhias com faturament­o de ao menos R$ 6 milhões e que tenham garantias (imóveis, máquinas etc.) para oferecer aos credores em caso de inadimplên­cia.

As plataforma­s selecionam os projetos que irão incluir em seus sites e definem a taxa de juros —que varia de 1,8% a 6% ao mês— a partir de análise de crédito.

Segundo relatório do Banco Central, os empréstimo­s para empresas com recursos livres tiveram taxa de juros média de 30,4% ao ano (ou 2,24% ao mês) em outubro.

Daniel Gomes, da Nexoos, afirma que a operação enxuta da companhia (sem custos com manutenção de agências e grandes investimen­tos em publicidad­e) e a especializ­ação em pequenas e médias empresas permite que se ofereçam taxas menores do que a dos grandes bancos.

O dinheiro não passa pelas start-ups. Elas têm parcerias com instituiçõ­es financeira­s que formalizam as operações entre investidor­es e empresas e cuidam dos repasses.

Quem financia empresas a partir desses sites, porém, corre o risco de haver inadimplên­cia. Na Biva, a taxa de atrasos com mais de 60 dias é de cerca de 10%.

Para diminuir as chances

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