Shopping virtual é saída para os pequenos
Lojas de nicho, que vendem produtos e serviços pela internet, tiveram crescimento de quase 20% no ano passado
Investir em tecnologia e marketing é primordial para manter site no ar e atrair visitantes, segundo especialistas
As lojas virtuais que vendem produtos de diversas empresas estão em alta. Conhecido como marketplace, o setor é um dos mais promissores do comércio eletrônico, com alta de 18% em 2016.
E há espaço para organizações de pequeno porte nesse mercado, segundo Maurício Salvador, presidente da ABComm (Associação Brasileira de e-Commerce). “O ramo salvou o comércio eletrônico em 2016 e o conceito de unir vendedores especializados em um único lugar é vantajoso.”
No modelo mais comum, o lojista paga ao marketplace um percentual, de até 20%, por cada venda efetuada.
Mas entrar nesse mercado pode custar caro. Investimentos em tecnologia são vitais, já que o site não pode apresentar problemas que impeçam a compra.
A concorrência com grandes empresas do setor, como o Mercado Livre e o Shoptime, também é acirrada.“As gigantes, que vendem de tudo, dispõem de um alto volume de recursos para investir. Por isso, é preciso saber se diferenciar”, afirma o consultor do Sebrae-SP Diego Smorigo.
A especialização foi a estratégia dos arquitetos Leandro Araújo, 35, e Roberto Andres, 37, da Hometeka, que vende móveis e objetos de decoração e construção, como metais e pisos. Como diferencial, Araújo cita a curadoria dos objetos à venda.
“Fazemos uma seleção que os grandes não conseguem fazer, porque isso demanda conhecimento específico, para trazer um mix de produtos mais refinado”, afirma.
O site conta com um sistema para baixar imagens em 3D dos produtos e incorporálas aos projetos, usado por arquitetos e decoradores.
Em 2016, a Hometeka faturou R$ 1,2 milhão e teve 300 mil acessos mensais.
Outro caminho é vender serviços em vez de produtos, já que esse segmento ainda não foi absorvido por empresas de grande porte.
Aberto há seis meses, o Pet Booking, optou por intermediar a compra de serviços como banho, tosa e consultas com veterinários.
“Nunca cogitamos vender produtos porque queríamos resolver problemas que identificamos no comércio de serviços, como na gestão dos agendamentos dos petshops”, afirma o empresário Robert Dannenberg, 52.
Cerca de 50 estabelecimentos no Sul e Sudeste já operam na plataforma, que consumiu R$ 2 milhões em investimentos. Para 2017, a meta é expandi-la para todo o país.
Centralizar prestadores de serviço também foi a escolha do gestor de projetos Edmee Moreira, 28, do BemCombinado, que oferece o trabalho de encanadores, pintores e outros profissionais.
“Senti falta de uma empresa que desse garantia caso o serviço fosse ruim ao ter esse problema com um encanador”, afirma Moreira.
O empreendimento, aberto há três meses, já recebeu um aporte de R$ 100 mil da seguradora Porto Seguro e quer, em 2017, efetuar R$ 4 milhões em transações.
Seja na venda de produtos ou serviços, o empreendedor deve saber que, para um marketplace, manter alto o tráfego de visitantes no site é vital para a sobrevivência.
Mas essa atração tem um custo: para Smorigo, do Sebrae, o marketing deve consumir pelo menos 2% do orçamento. Dannenberg, da Pet Booking, gasta mais de 5%, enquanto Moreira investe nas redes sociais para tentar aumentar o fluxo no site.
Quem trabalha com produtos atraentes, caso da Hometeka, pode abusar das redes. No Facebook, a empresa tem 67 mil fãs e no Instagram são quase 10 mil seguidores.
“É imprescindível oferecer conteúdo interessante e útil para o cliente”, afirma Salvador. “É a forma mais duradoura de atrair visitantes para o marketplace, que é uma vitrine na internet.”