Palco de matança de 33 em Roraima abriga presos em ‘favela marmitex’
Após incêndio em ala, detentos construíram barracos com lonas, madeiras e tampas de isopor
Setor abriga acusados de crimes sexuais, entre outros; governo diz que já fez licitação para reconstrução de celas
Com barracos feitos de madeira, lona, restos de alvenaria e até tampas de marmitex, uma favela nasceu no interior da penitenciária de Boa Vista (RR) onde 33 detentos foram mortos em um ataque da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Conhecida como “ala da cozinha”, referência ao seu objetivo antigo, a favela abriga 282 detentos, incluindo acusados de crimes sexuais, de “falta de pagamento de pensão alimentícia e embriaguez ao volante”, segundo o governo, além dos ameaçados por detentos de outros setores da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
Nesse local foram assassinados, segundo o governo, sete detentos na sexta (6). Dois dos corpos foram enterrados ali e só descobertos um dia depois da chacina.
Fotografias obtidas pela Folha mostram que as “celas” do local são apenas barracos improvisados, com lonas azuis e amarelas.
Os barracos foram construídos pelos próprios presos a partir de material enviado pelos familiares. Após analisar os pedidos, a direção do presídio costuma autorizar o ingresso desses itens a fim de evitar que os presos fiquem expostos a sol e chuva.
“A cadeia estourou sua capacidade e foram se fazendo essas gambiarras. O Estado autorizou os presos a entrarem com madeira e lona. Isso mostra a falta de vagas. Era um barril de pólvora que um dia iria estourar”, disse o presidente do sindicato dos agentes penitenciários de Roraima, Lindomar Sobrinho.
O presídio, segundo o governo, abriga quase 1.500 detentos, mas tem capacidade de cerca de 750 vagas.
Um agente penitenciário de Boa Vista, que falou à Folha sob a condição de não ter