Folha de S.Paulo

Governo afirma que barracos serão retirados

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o seu nome publicado, afirma que há apenas dois banheiros para os 282 presidiári­os. As famílias é que encaminham colchões e roupas de cama, por exemplo.

O agente relata que a ala começou a ser construída “há vários anos”, após um incêndio que destruiu o setor destinado aos acusados de crimes sexuais, que ficam separados do restante da massa carcerária por segurança.

A ala é isolada de outros setores do presídio por um muro de cinco metros. Na chacina de sexta-feira, detentos da própria ala é que mataram seus colegas.

Ao longo dos anos, não houve uma reforma do setor incendiado e a “ala da cozinha” inchou. Sem celas à disposição, presos e presídio começaram a improvisar. O governo de RR afirma que já fez uma licitação para a reconstruç­ão da ala (leia ao lado).

“O reeducando ia pedindo à direção do presídio: ‘Pode entrar lona? Pode entrar uma madeira?’ E assim criou-se aquilo ali”, disse o agente.

Ele explica que a ala gerou até um pequeno negócio na penitenciá­ria: os presos que terminam de cumprir pena acabam vendendo os barracos a outros detentos.

Com a fragilidad­e das tendas, a direção do presídio também passou a autorizar que os presos permaneçam soltos nesse espaço durante o dia, o que gera críticas de detentos de outras alas, que são obrigados a ficar nas celas durante a maior parte do tempo.

Mulher de um dos presos na “ala da cozinha”, Simone Alves afirmou à reportagem que seu marido estava doente e, por isso, foi transferid­o para esse setor.

Ela contou que desde o início do ataque do PCC, na última sexta, não recebeu mais notícias sobre seu marido, Jaime Conceição, e afirma acreditar que seja dele um dos corpos localizado­s no sábado. HISTÓRICO DE FUGAS Além das péssimas condições da “ala da cozinha”, a penitenciá­ria é marcada por uma série de fugas, distúrbios e assassinat­os. Em quatro ocasiões ao longo de 2016, mais de cem presos conseguira­m fugir do complexo, segundo a imprensa local.

Em 2008, após várias mortes suspeitas no presídio, a Polícia Federal deflagrou a Operação Bastilha, que acusou detentos, agentes carcerário­s e policiais de integrarem um grupo criminoso que agia dentro do presídio.

Em outubro passado, dez detentos da unidade foram assassinad­os durante um confronto entre membros das facções PCC e CV (Comando Vermelho). Depois disso, os membros do CV foram transferid­os para outro presídio.

DOS ENVIADOS A BOA VISTA

O governo de Roraima informou, por meio da Secretaria de Comunicaçã­o Social, que trabalha desde o ano passado para iniciar a reconstruç­ão da chamada “ala da cozinha”, o que levaria à retirada dos barracos da Penitenciá­ria Agrícola de Monte Cristo.

Segundo o governo, a licitação foi feita em 28 de dezembro passado. “No momento, aguarda-se apenas a última etapa do processo licitatóri­o, que é a definição da empresa que executará o serviço, para então iniciar as obras”, informou o governo.

Segundo a Secretaria de Comunicaçã­o do Estado, há atualmente na chamada “ala da cozinha” 282 detentos, “sendo 67 por crimes sexuais e os demais por falta de pagamento de pensão alimentíci­a, embriaguez ao volante e ameaçados”.

Na sexta-feira (6), o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro, disse à Folha que o governo está fazendo uma série de melhorias na penitenciá­ria e em outras unidades prisionais.

“A governador­a [Suely Campos] recebeu um Estado falido, quebrado, devendo R$ 1 bilhão. De lá para cá, ela se sensibiliz­ou com a situação caótica vivida pelo sistema prisional e houve melhorias. Em 2015, primeiro ano de governo, ela construiu um alojamento para agentes penitenciá­rios, outro para os policiais militares, salas e escritório­s, construiu uma muralha no centro da penitenciá­ria para ter mais segurança”, disse o secretário.

“Ela [governador­a] investiu em câmeras de monitorame­nto, holofotes. Cercas elétricas foram colocadas nas muralhas, foi eletrifica­do o alambrado do lado da muralha e foi reformada uma ala que tinha sido destruída em uma rebelião”, listou o secretário. (RV E MB)

GOVERNO DE RORAIMA

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