Com Jimmy Fallon, festa perde sarcasmo
Apresentador do ‘Globo de Ouro’ mal apareceu e pegou leve com celebridades em noite sem discursos memoráveis
‘Um dos poucos momentos em que a América honra o voto popular’, disse Fallon, alfinetando eleições
À frente da cerimônia do Globo de Ouro 2017 na noite deste domingo (8), Jimmy Fallon esteve lado a lado dos homenageados da noite —literalmente. O apresentador americano começou a cerimônia com um esquete superproduzido, em que dançou com indicados à premiação e outras estrelas de Hollywood parodiando o musical “La La Land”, um dos favoritos da noite (veja abaixo os vencedores até a conclusão da edição).
Fallon sapateou com Amy Adams, na disputa de melhor atriz dramática por “Animais Noturnos”. Instantes depois, surgiu um solo com as crianças de “Stranger Things” (Netflix), série sensação de 2016 indicada a melhor drama de televisão.
Gente boa, Fallon quebrou uma espécie de tradição na cerimônia. Pela primeira vez nos últimos dez anos, a festa não foi apresentada pelo ácido Ricky Gervais ou pela dupla desbocada de humoristas Tina Fey e Amy Poehler.
E, pela primeira vez, ninguém precisou se remexer desconfortável na cadeira. No ano passado, um Gervais começou seu monólogo entornando copos de chope e se dirigiu aos poderosos de Hollywood, ali na festa, como “um bando de viciados em remédios e depravados sexuais”.
Fallon, ao contrário, elogiou a “noite linda” e puxou o saco da organização do Globo de Ouro, conhecido por ser chapa branca, ao mesmo tempo em que pareceu alfinetar a eleição de Trump.
“Este é o Globo de Ouro. Um dos poucos momentos em que a América ainda honra o voto popular”, disse, sobre o prêmio concedido por cem jornalistas estrangeiros em Hollywood.
Foi um dos raros momentos da festa em que se falou de política —diferente dos discursos do Oscar nos últimos anos, palco de discussões raciais e de gênero.
Com uma exceção: Tracee Ellis Ross, melhor atriz em série de comédia por “Blackish”, que dedicou a estatueta a “todas as mulheres de cor e às pessoas coloridas, cujas ideias nem sempre são consideradas válidas e importantes. Mas quero dizer que enxergo vocês. É uma honra estar em ‘Black-ish’ e mostrar a história que sai do modelo da indústria”.
Donald Glover, criador do seriado “Atlanta” (FX), também lembrou do “povo que sobrevive” na cidade de Atlanta, palco de protestos raciais nos EUA, ao receber o Globo de Ouro de melhor série cômica pela produção sobre dois primos rappers.
Sarah Paulson foi a melhor atriz em série, minissérie ou telefilme, por “The People v. O.J. Simpson”.
A festa, pelo visto, seguiu o que Fallon prometeu em uma entrevista à revista “The Hollywood Reporter”. Ele disse que “ninguém precisaria ficar nervoso” com suas piadas, e que a política apareceria, mas não seria o principal tema da noite.