Folha de S.Paulo

Dos Esportes de Temer

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DO RIO

Um dos políticos fluminense­s mais poderosos, o presidente da Assembleia Legislativ­a do Rio, Jorge Picciani (PMDB), mantém o posto dando espaço até mesmo para a oposição ao governo que ele apoia.

Ele deve alcançar seu sexto mandato à frente da Alerj neste ano, o que levará a 12 anos não consecutiv­os no comando dos deputados estaduais. Vai tentar a reeleição em chapa única sob investigaç­ão de enriquecim­ento ilícito.

Neste último mandato, Picciani se notabilizo­u por críticas ao governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), membro do partido que também presidente regionalme­nte. Já classifico­u o correligio­nário de “fraco” e o governo de “sem direção”.

Neste ano, devolveu projetos do pacote de austeridad­e do governo, que luta agora para fechar um plano de recuperaçã­o fiscal com a União. Picciani afirma que não abandonou a aliança, mas teve de ouvir o “sentimento dos deputados”.

“O que há de diferente nesse momento é que o Pezão perdeu a base. Tive que abrir um campo de negociação muito maior”, disse Picciani, que assumiu pela primeira vez a Alerj em 2003, sob o governo Rosinha Garotinho e permaneceu até o fim do primeiro mandato de Sérgio Cabral (PMDB), em 2010.

A negociação resume a caracterís­tica descrita por deputados da base e até mesmo da oposição sobre Picciani.

“Picciani tem um controle político no Rio de Janeiro muito forte. É uma pessoa que construiu uma teia muito sólida, com uma relação de favores e domínio. Mas é um político habilidoso que sabe ouvir. Ele atendeu a vários pedidos do PSOL, mesmo sabendo que era um grupo de oposição. Ele tem um respeito pela oposição, sem deixar de ser governo”, afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL).

Picciani nunca ocupou cargo federal, embora atue fortemente no plano nacional. Perdeu na única vez que não tentou reeleição como deputado estadual, em 2010, quando tentou o Senado. Ficou quatro anos sem mandato, mas com o comando da sigla.

Com o controle do PMDBRJ, liderou a ala do partido que desembarco­u da candidatur­a de Dilma Rousseff (PT) à reeleição em 2014 em favor de Aécio Neves (PSDB). Depois, se aliou à presidente e foi um dos últimos peemedebis­tas a se descolar do governo no processo de impeachmen­t. Seu filho, Leonardo Picciani (PMDB), se tornou ministro dos Esportes na gestão Michel Temer.

O deputado Luiz Paulo (PSDB) afirma que as regras para eleição da presidênci­a impedem o surgimento de outros candidatos que não do maior partido. Diferentem­ente da Câmara dos Deputados, que permite chapa avulsa, a eleição para comandar a Alerj exige uma chapa completa, com 13 nomes.

“A base majoritári­a tem sido o PMDB. Muitas vezes eles

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