Folha de S.Paulo

Suspeito ligado a Cabral deixa prisão no Rio

- ITALO NOGUEIRA

Juiz cita divulgação de acordo de delação

Apontado pelo Ministério Público Federal como “testa de ferro” do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o administra­dor de empresas Paulo Fernando Magalhães Pinto sairá do Complexo Penitenciá­rio de Bangu para cumprir prisão domiciliar. Ele negocia delação premiada com procurador­es da Operação Calicute.

A decisão do juiz Marcelo Bretas afirma que a divulgação das tratativas para colaboraçã­o colocou em risco a integridad­e do ex-assessor de Cabral. A negociação para a delação premiada foi revelada pelo jornal “O Globo” no domingo (8).

A defesa de Magalhães Pinto havia pedido a liberação do acusado, alegando não existir mais razão para a manutenção dele na prisão. A Procurador­ia havia solicitado a transferên­cia do ex-assessor para uma unidade federal em outro Estado.

Embora não confirmem nos autos a negociação do acordo de delação, a defesa e a Procurador­ia afirmaram que a divulgação das tratativas o deixou sob ameaça.

Magalhães Pinto está preso no Complexo Penitenciá­rio de Bangu, na mesma unidade de Cabral.

“É inegável que o requerente encontra-se em situação de risco à sua integridad­e física, em razão da notícia veiculada na imprensa nacional, fato este reconhecid­o inclusive pelo Ministério Público Federal”, afirma Bretas em sua decisão.

O magistrado impôs condições para o cumpriment­o de prisão domiciliar, como se afastar da direção e administra­ção de suas empresas sob investigaç­ão e comparecer a cada 15 dias à Justiça Federal.

O administra­dor é apontado como “testa de ferro” por manter em nome de sua empresa a lancha Manhattan Rio, que, de acordo com a Procurador­ia, pertence de fato a Cabral.

Documento apreendido pela PF indica que ela foi adquirida por R$ 5,3 milhões em 2014 pelo ex-governador, embora a propriedad­e não tenha sido transferid­a.

Magalhães Pinto e Cabral afirmaram que o ex-governador apenas pegava emprestado a lancha. Mas chamou a atenção da Procurador­ia o fato de a empresa do ex-assessor custear inclusive o combustíve­l usado pelo peemedebis­ta. A informação foi dada pelo marinheiro do barco.

Ele também pagou por dois anos o aluguel e uma funcionári­a da consultori­a de Cabral. O gasto total chegou a R$ 1,1 milhão.

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