Folha de S.Paulo

Em visita oficial à Índia, o primeiro-ministro português, o socialista António Costa, enviou um vídeo em que exal-

- GIULIANA MIRANDA COLABORAÇíO PARA A

EM LISBOA FOLHA,

A cerimônia de encerramen­to do funeral de Mário Soares, que foi presidente e primeiro-ministro de Portugal, realizada nesta terça-feira (10) em Lisboa, foi marcada por discursos emocionado­s de familiares e autoridade­s. As falas destacaram a importânci­a e legado democrátic­o do português, que morreu no sábado (7) aos 92 anos.

O presidente Michel Temer e o ex-presidente José Sarney sentaram-se na primeira fila do auditório organizado no mosteiro dos Jerônimos, ao lado do rei da Espanha, Felipe 6º, e do presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz.

Com pouco mais de uma hora, o evento teve direito a falas dos filhos de Soares, João e Isabel, que recordaram momentos enfrentado­s pelo pai “nos dias cinzentos e de chumbo da ditadura”.

Apesar das dificuldad­es do exílio e de sucessivas prisões, Isabel Soares diz que jamais ouviu uma queixa ou qualquer “palavra de desalento ou desânimo” de seu pai. ESTADISTA tou a figura de estadista de Mário Soares, a quem classifico­u de “gênio político que alcançava aquilo que parecia impossível de alcançar”.

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, fez referência à “inteligênc­ia e ao humanismo” de Soares.

Um pouco antes, o sistema de som do evento transmitiu trecho de um discurso de Mário Soares feito em 12 de junho de 1985, no dia da assinatura da adesão de Portugal à CEE (Comunidade Econômica Europeia), que deu origem à União Europeia.

Na segunda (9), milhares haviam passado pelo mosteiro para se despedir de Soares, apelidado de “pai da democracia portuguesa”.

Após a cerimônia, o corpo seguiu em cortejo público. O enterro, para família e amigos, foi no cemitério dos Prazeres. Soares foi enterrado no mesmo jazigo da mulher, Maria de Jesus Barroso Soares, morta em 2015, com quem foi casado por mais de 60 anos.

Um dos fundadores do Partido Socialista, Soares ajudou a consolidar a democracia em Portugal após a Revolução dos Cravos, em 1974. Três vezes premiê, ocupou a Presidênci­a entre 1986 e 1996.

A atuação decisiva no processo de descoloniz­ação na África até hoje ainda é motivo de controvérs­ias, com críticas sobretudo de portuguese­s que tiveram de retornar das antigas colônias.

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Mike Clark - 29.ago.2009/AFP A jornalista Clare Hollingwor­th em entrevista em 2009

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