Folha de S.Paulo

União honra R$ 2,2 bi em dívidas do Estado

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O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), negocia com o governo federal um prazo maior para convencer a Assembleia Legislativ­a a aprovar o pacote de medidas para equilibrar as contas do Estado que será apresentad­o ao presidente Michel Temer nesta quarta-feira (11).

As medidas estão em discussão desde o início da semana e permitiria­m que o Rio suspendess­e o pagamento de suas dívidas por pelo menos 36 meses, ganhando tempo para controlar suas despesas e recuperar o equilíbrio fiscal.

O programa de recuperaçã­o de Estados falidos que o governo Temer propôs ao Congresso, e que foi barrado na Câmara dos Deputados em dezembro, dava aos governador­es 120 dias para obter aprovação das Assembleia­s para medidas de ajuste como as que o Rio está discutindo.

Nas negociaçõe­s com o governo, a equipe de Pezão pediu a extensão do prazo para seis meses. Segundo interlocut­ores do governador, o objetivo seria conseguir tempo para Pezão recompor sua base parlamenta­r, que ruiu nos meses de novembro e dezembro, quando várias medidas de ajuste propostas pelo Executivo foram barradas pela Assembleia do Rio.

Seguidos protestos de servidores desgastara­m a relação do governo com sua base legislativ­a, o que resultou na rejeição de 10 das 22 medidas apresentad­as por Pezão.

O novo programa em discussão com o governo federal prevê que o pagamento dos juros da dívida seria suspenso de imediato, enquanto o Estado trabalhari­a para aprovar as medidas na Assembleia. Isso também daria fôlego financeiro para o governo colocar em dia os salários dos servidores, símbolo mais agudo da crise fiscal.

Parlamenta­res ouvidos pela Folha disseram que o clima de oposição às medidas de ajuste não mudou entre os deputados, que voltam do recesso de fim de ano no próximo dia 1º. A eleição da nova mesa diretora da Assembleia está prevista para a volta do recesso e pode criar uma oportunida­de para o governo remontar sua base de apoio legislativ­o.

O plano costurado com o governo Temer deverá ser menor do que o apresentad­o no ano passado. O foco seria em medidas de maior retorno, como o aumento da contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores, de 11% para 14%.

Também está em questão a privatizaç­ão da companhia de água e esgoto do Estado, a Cedae, que demandaria aprovação pela Assembleia.

Há resistênci­a entre deputados justamente porque a Cedae é a única empresa estadual que dá lucro. Em 2015, a empresa completou quatro anos seguidos no azul e teve lucro líquido de R$ 249 milhões. “Não faz sentido vender a única empresa superavitá­ria do Estado”, disse o deputado Luiz Paulo (PMDB).

Os servidores prometem resistir ao novo pacote. O Muspe (Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Rio) é contra o aumento da contribuiç­ão previdenci­ária e a venda da Cedae. O movimento já tem um protesto marcado para esta quinta-feira (12). VINICIUS TORRES FREIRE O colunista está em férias

DE BRASÍLIA

Em 2016, a União precisou honrar R$ 2,22 bilhões em dívidas do Rio que não foram pagas pelo Estado.

A informação consta no “Relatório Quadrimest­ral de Garantias da União”, divulgado nesta terça (10) pelo Tesouro Nacional.

“Entre 2005 e 2015, não houve necessidad­e de a União honrar compromiss­os decorrente­s de garantias prestadas a entes da Federação e entidades da administra­ção indireta”, afirma o relatório.

Ao longo de 2016, a União honrou dívidas referentes a contratos de responsabi­lidade de Estados e municípios no montante de R$ 2,38 bilhões.

O Rio represento­u mais de 93% do total das dívidas que o Tesouro precisou honrar em 2016.

Ao honrar uma garantia, ou seja, pagar ao credor que deixou de receber o dinheiro devido por um Estado ou municípios, a União aciona “contragara­ntias” previstas contratual­mente para recuperar o dinheiro.

Para recuperar, além do valor original devido, juros, multas e outros encargos previstos, podem ser bloqueados recursos dos fundos de participaç­ão de Estados e municípios, por exemplo.

No ano passado, o Tesouro recuperou R$ 1,97 bilhão (83%) do total. Há ainda a recuperar R$ 409 milhões, consideran­do valores atualizado­s pela taxa Selic. (MAELI PRADO)

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Ricardo Borges - 12.dez.16/Folhapress Protesto de servidores em frente à Assembleia do Rio em dezembro, quando os deputados rejeitaram pacote de ajuste

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