Amazonas faz pinga-pinga de presos ameaçados
DE MANAUS
Em mais um sinal do caos no sistema carcerário do Amazonas, 20 presos ameaçados de morte foram transferidos duas vezes de cidade em menos de 24 horas.
O grupo estava no Complexo Penitenciário Anísio Jobim no massacre do Ano Novo, que deixou ao menos 56 mortos. Por segurança, foram transferidos no dia seguinte para uma cadeia pública, no centro de Manaus, desativada desde outubro.
A medida não evitou que quatro detentos fossem mortos no local, no domingo (8). Outros dois fugiram —restam ali cerca de 270 presos.
Na manhã de segunda (9), os 20 presos foram levados a Itacoatiara, a 270 km de Manaus, mas uma decisão judicial fez com que eles voltassem à cadeia pública na madrugada desta terça (10).
“A ida pra Itacoatiara foi uma tentativa. Tem menos recursos pra proteger esse pessoal lá”, admitiu o secretário estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes. O secretário diz que a cadeia voltou a ser a melhor opção por ser de controle mais fácil.
Sobre os transferidos, o secretário disse que “o PCC [Primeiro Comando da Capital] não quer, a FDN [Família do Norte] não quer, ninguém quer. Estuprador, ex-policial”. As duas facções estão em guerra no Amazonas pelo controle do narcotráfico.
Fontes disse ainda que não havia como impedir os assassinatos do domingo. “Eles matam quatro em três minutos. A polícia não tem como evitar. Se tivesse todo o pelotão de choque, não ia impedir, porque até entrar, já tinham matado.”
O secretário comemorou a chegada de 99 homens da Força Nacional. A partir desta quarta (11), eles atuarão na segurança externa do presídio de Manaus.
Também nesta terça, o diretor interino do presídio, José Carvalho da Silva, foi afastado do cargo após o jornal “A Crítica” publicar cartas de presos que o acusam de receber dinheiro para permitir a entrada de armas e drogas.