O “déjà vu” é um dos maiores dilemas que essas novas ficções científicas carregam:
DE SÃO PAULO
A vasta safra de ficções científicas que estrearão nos próximos meses fará de 2017 uma nova odisseia no espaço.
Nova? Não tanto, já que virá a reboque dos ETs assassinos de “Alien: Covenant”, dos guerreiros jedi do oitavo “Star Wars” e dos símios belicosos de “Planeta dos Macacos: A Guerra”, nesse eterno loop chamado Hollywood.
Virão ainda em tom sombrio: “Blade Runner 2049”, continuação do clássico de 1982, mostra ruínas num deserto avermelhado. “O Círculo”, adaptação da obra homônima de Dave Eggers, trata de uma superpoderosa empresa de tecnologia. Prenúncio de fobias da era Trump?
“Rogue One: Uma História Star Wars” já foi um aceno. Lançado em dezembro, o mais dark dos filmes da saga desde “O Império Contra-Ataca” (1980) escalou um ator mexicano, outro de origem paquistanesa e dois chineses para o time que desbarata os planos de um governo de homens caucasianos. Sofreu campanha de boicote por supremacistas que apoiaram Trump.
“Praticamente todos os personagens importantes são não brancos. E a protagonista [Felicity Jones] é uma branca empoderada”, dizia uma de muitas postagens sobre o filme, no fórum on-line Reddit.
Também é sombrio o trailer de “Alien: Covenant”, retorno de Ridley Scott ao universo de parasitas espaciais que ele inaugurou em 1979 com “Alien, o Oitavo Passageiro”: começa com marcas de sangue no chão e correria por túneis claustrofóbicos.
O trecho é uma remissão descarada às cenas de Sigourney Weaver em corredores similares no filme de 1979, assim como os espasmos de um personagem é alusão nada sutil ao momento mais emblemático do filme original, quando um bebê alien brota do peito de um astronauta.
“O Oitavo Passageiro” também parece brotar em “Vida”, longa que tem Ryan Reynolds e Jake Gyllenhaal como tripulantes de uma nave que carrega um alienígena mortífero. ‘DÉJÁ VU’ ESPACIAL o fato de que não apenas são ambientadas em universos já revisitados como reciclam até o timing de predecessores.
Montador de “Rogue One”, Colin Goudie afirmou ao site Yahoo UK que destrinchou centenas de filmes para chegar ao que seria um ritmo ideal e “saber quanto diálogo era necessário”, por exemplo.
Matt Reeves, diretor do próximo “Planeta dos Macacos”, disse coisa parecida: contou que, antes de escrever o roteiro da nova guerra símia, pediu à Fox uma sala de cinema para ver “milhões de filmes”. “Decidimos fazer o que pensam que roteiristas hollywoodianos fazem, mas que na realidade nenhum faz”, disse ao site About Movies.
“Ao que parece, Hollywood já tem todas as respostas escondidas nos cofres dos estúdios”, opinou Ben Child, colunista de cinema no jornal britânico “The Guardian”, que compara a indústria americana a um disco riscado.
Até mesmo “Blade Runner” entra na dança, numa