Odebrecht pede R$ 60 mi pelo Maracanã
Abandonado, estádio da Copa do Mundo e da Olimpíada pode ter novo dono definido até o final de janeiro
LEGADO
A Odebrecht estabeleceu em R$ 60 milhões o valor para repassar os 95% de sua participação no consórcio que administra o Maracanã —os outros 5% são da AEG, empresa especializada em gestão de arenas esportivas.
Dois grupos (Lagardère e GL Events) fizeram propostas para a compra da parte da construtora no negócio.
A Secretaria da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro está analisando as duas ofertas. O resultado é aguardado até o final de janeiro.
Investigada pela Lava Jato, a Odebrecht alega um prejuízo acumulado de R$ 173 milhões na operação do estádio, iniciada em 2013.
Além da quantia paga à construtora, a empresa vencedora terá que desembolsar R$ 5,5 milhões aos cofres públicos anualmente pela outorga ao longo dos 30 anos de concessão, além de fazer uma série de investimentos.
Enquanto o novo operador não é definido, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, se reuniu com o presidente da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), Rubens Lopes, nesta quintafeira (12), para conversar sobre o futuro da arena.
Pelo acordo que está sendo costurado, a federação operaria o espaço até a escolha do substituto da Odebrecht na administração.
O Estadual do Rio terá início para os grandes clubes da cidade no dia 25 de janeiro.
A empresa já devolveu o estádio para o governo, que está sendo criticado por abandonar o Maracanã.
Palco das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio, o gramado do estádio está praticamente destruído.
Com a segurança reduzida, uma série de furtos ocorreram no Maracanã. Peças históricas, como o busto do jornalista Mário Filho, que dá nome ao estádio, sumiram das dependências do estádio.
Além disso, o local está sem luz por causa da falta de manutenção dos equipamentos de energia. Em crise financeira, o governo já disse que não quer assumir a administração do estádio.
Antes da concessão da arena para a iniciativa privada, foi gasto cerca de R$ 1,2 bilhão em dinheiro público na reforma e modernização do mais famoso estádio brasileiro, visando a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. À FRANCESA As duas propostas pela participação da Odebrecht no consórcio do Maracanã foram de empresas francesas.
A Lagardère já opera dois estádios no Brasil (o Castelão, em Fortaleza, e o Independência, em Belo Horizonte) e tem uma longa experiência no setor. A empresa administra 50 arenas ao redor do mundo, além de comercializar o marketing de dezenas de clubes e atletas.
Já a GL Events, que fechou um acordo com o Flamengo para que o clube mande seus jogos no estádio, explora o Riocentro, a Rio Arena, e o Anhembi, em São Paulo.
Caso o negócio não seja fechado, o governo fluminense fará uma nova licitação.
A FGV (Fundação Getúlio Vargas) foi contratada para elaborar um novo edital de concessão. Nesse caso, o novo administrador do estádio carioca só seria conhecido no segundo semestre.