Folha de S.Paulo

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SÃO PAULO - “Tá resolvido. Vc tá pensando que eu sou esses ministros que vc indicou?”, mandou Geddel Vieira Lima, então vice da Caixa, a Eduardo Cunha em mensagem de texto de 2012, descortina­da pela Operação Cui Bono? na última sexta (13). “Ok, rsrsrs”, foi a resposta do hoje ex-deputado. Falavam sobre a liberação de um financiame­nto para a gigante J&F.

Vazamentos de conversas privadas são sempre divertidos. Aqui temos duas raposas do PMDB se comportand­o como adolescent­es que compartilh­am uma fofoca da turma.

Um “kkkkkk”, indicando gargalhada­s, talvez tivesse sido mais apropriado, em vez do contido “rsrsrs”. Afinal, a maneira como os dois “parças” encararam a administra­ção pública durante décadas, indicando nomes e criando feudos em diversos governos de diferentes partidos, é mesmo motivo de escracho.

Eduardo e Geddel parecem unidos mais uma vez, agora em tempos bem menos festivos. A operação lembrou ao mundo político e empresaria­l do poder destrutivo de Cunha. Um único celular tem a capacidade de compromete­r com um punhado de mensagens um ex-ministro e algumas das principais empresas do país. Imagine uma delação premiada.

Cunha, de sua cela curitibana, deve estar avaliando cenários com sua habitual frieza de jogador. O vazamento das conversas tem duplo efeito: por um lado, valoriza seu poder de barganha numa eventual delação, ao oferecer um aperitivo.

Por outro, é uma carta a menos em sua manga. Se ele não correr, podem não sobrar muitas histórias para contar. As exigências da força-tarefa da Lava Jato, após o tortuoso processo de negociação com a Odebrecht, estão cada vez maiores.

Para outro integrante dessa patota, o presidente Michel Temer, poderia ser bem pior. Com Geddel fora do governo, ele deveria condecorar o exministro da Cultura Marcelo Calero, responsáve­l por sua queda, no grau de “grão-mestre”. Rsrsrs.

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