Minoria desobediente
SÃO PAULO - O crescente encarceramento no país amplia o conflito social. Parte desobediente da população não abdica do direito autoatribuído de usar drogas. A proibição estava em letra miúda no contrato.
O defensor da legalização parece ignorar sua responsabilidade na crise de segurança pública. A vigilância afugenta fatia pequena da demanda, hábil em driblar restrições à oferta.
A liberação de venda e consumo enfraqueceria a criminalidade, e a abolição do uso, também. As partes divergem sobre necessidade e capacidade das instituições. Experiências internacionais são tão particulares que somente testando para ver.
O maior temor do paulistano é ter jovens da família envolvidos com drogas. O uso está associado a criminalidade e falta de comedimento. Causa distúrbio, abala as crias e desrespeita o espaço alheio. Precedentes assim corroeriam as normas.
Oito em dez brasileiros consideram que toda a sociedade sofre as consequências do consumo de drogas. O vendedor deve ser reprimido pelo Estado, e o consumidor, ser tratado como doente e avisado do custo ao erário. O vício tornaria uma falácia a liberdade perseguida.
A maioria não admite impunidade, falha no provimento de segurança e ameaças da minoria, que causa impacto desproporcional à força e ao tamanho que tem ante o coletivo.
A fiscalização de álcool e cigarro ficaria inviável e haveria mais casos de doenças psiquiátricas, ainda que as relações de causalidade não tenham sido comprovadas.
Usuários consideram irreversível e natural o processo de legalização. Para eles, o Estado deve cessar essa repressão antidemocrática que não lhe cabe e apenas regular. A sociedade amadurecerá com mais liberdade individual e tratamento jurídico igualitário a traficantes e consumidores.
Mas por ora podem se dar ao luxo de desamparar a militância e esperar a situação ficar insustentável para a proibição. A sociedade paga o preço pelo atraso. As leis precisam evoluir.