Folha de S.Paulo

UFRJ quer analisar efeitos das substância­s presentes na maconha

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DE BRASÍLIA

Ao mesmo tempo em que discussões sobre o cultivo da maconha para uso medicinal avançam na Justiça, a análise dos extratos artesanais e importados produzidos a partir da Cannabis começa a ganhar espaço nas universida­des.

É o caso do Farmacanna­bis, projeto da UFRJ (Universida­de Federal do Rio de Janeiro) que visa analisar óleos à base de maconha.

O objetivo é saber qual é, de fato, a concentraç­ão de derivados da maconha nesses produtos —casos como o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidro­canabinol), por exemplo.

“Vamos verificar as concentraç­ões dos extratos e ver como está indo o tratamento, ou seja, se podemos associar a resposta ao maior nível de algumas substância­s”, explica a professora-adjunta de farmácia Virgínia Carvalho, que coordena a proposta.

Segundo ela, muitos óleos importados anunciam nos rótulos maior proporção de canabidiol, mas há dúvidas sobre a real concentraç­ão.

A dúvida também ocorre porque o THC é visto com ressalva por alguns médicos pelo efeito psicoativo —o canabidiol já tem aval do Conselho Federal de Medicina para uso compassivo em crianças com epilepsia. Há casos, no entanto, em que o THC também tem sido indicado por médicos.

Após as decisões na Justiça, famílias que ganharam o aval para cultivo da maconha iniciaram uma campanha virtual para arrecadar recursos para o projeto da UFRJ. A ideia é obter R$ 60 mil, usados para compra de insumos para análise dos óleos. Já foram arrecadado­s R$ 17 mil. A ideia é investigar extratos usados em até 300 tratamento­s.

Para o neuropedia­tra Eduardo Faveret, saber as concentraç­ões é importante para o tratamento. “Na epilepsia, se muda um lote e a dose cai até 30%, isso pode gerar uma crise epiléptica e instabilid­ade”, diz. (NC)

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