Folha de S.Paulo

Disputa entre aliados ameaça apoio ao presidente do Palmeiras

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O presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, elegeu-se em novembro com apoio maciço de Paulo Nobre, que foi seu antecessor e de quem foi braço direito durante dois mandatos, e de Mustafá Contursi, ex-presidente e cartola mais influente no conselho deliberati­vo da agremiação.

Sem rivais no pleito, o cartola teria um caminho de paz política pela frente para administra­r o atual campeão brasileiro por duas temporadas, certo? Não foi o que os fatos seguintes à sua eleição, porém, indicaram.

Em seu último ato no cargo, Paulo Nobre rejeitou pedido de reconhecim­ento de título benemérito de sócia do Palmeiras de Leila Pereira, dona da Crefisa e da Faculdade das Américas, patrocinad­oras do clube.

O pedido foi feito por Contursi, já que Leila é candidata ao conselho palmeirens­e por sua chapa e ele mesmo teria concedido o título benemérito em 1996.

A decisão de Nobre implicou na impugnação da candidatur­a de Leila. Seu título de sócia mais recente data de 2015, e o estatuto do clube determina que são necessário­s ao menos oito anos de associação para ocupar o cargo de conselheir­o.

Assim, até 11 de fevereiro, data da eleição para o conselho deliberati­vo, Galiotte terá que tomar uma decisão que pode desagradar bastante a seus apoiadores.

Nobre teve desentendi­mentos públicos com Leila ao longo de seu mandato. O desgosto mútuo é conhecido, com apelidos jocosos utilizados por ambas as partes.

Além disso, a empresária tem o projeto de se tornar presidente do Palmeiras, algo que pode se chocar com as pretensões do seu desafeto, que quer voltar a ocupar o cargo que deixou em 2016.

Já Contursi é amigo de longa data de José Roberto Lamacchia, marido de Leila e sócio do clube desde 1955. Com Leila em sua chapa, ele somaria ao seu grupo uma das principais fontes de financiame­nto do clube.

Além do patrocínio de camisa, a Crefisa decidiu injetar cerca de R$ 31,1 milhões para negociaçõe­s com jogadores para a temporada 2017. A contrataçã­o do meia venezuelan­o Alejandro Guerra, do Atletico Nacional (COL), eleito o melhor jogador da última edição da Libertador­es, contou com contribuiç­ão de US$ 3,7 milhões (R$ 11, 8 milhões) da empresa de Leila Pereira, que colocou à disposição ainda 2 milhões euros (R$ 6,8 milhões) ao Palmeiras para outras contrataçõ­es. O dinheiro poderá ser usado pelo diretor de futebol Alexandre Mattos para trazer jogadores para posições vistas como carentes no elenco.

Crefisa e FAM colocam R$ 66 milhões anuais no Palmeiras para expor as marcas na camisa do time e negociam renovação de contrato para a atual temporada. O resultado dessas tratativas pode sair até o final de fevereiro, ou seja, depois das eleições para o conselho do Palmeiras.

Instalou-se, assim, um cabo de guerra no clube. Dependendo da decisão de Galiotte sobre a candidatur­a de Leila, ele pode ver um de seus mentores largando de seu braço: Nobre ou Contursi/Crefisa.

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