Folha de S.Paulo

Caminhos para o salto na educação

Avaliação aplicada a partir de parceria entre centro da OCDE e Instituto Ayrton Senna evidencia importânci­a de competênci­as socioemoci­onais

- VIVIANE SENNA VIVIANE SENNA é presidente do Instituto Ayrton Senna www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O resultado do Pisa 2015 não trouxe surpresas. O Brasil continua nas piores posições da avaliação da OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico), que examina as habilidade­s de leitura, matemática e ciências de jovens de 15 anos em 72 países.

Não vou me alongar neste panorama, já bastante analisado, mas na reflexão sobre os caminhos para superá-lo. Ainda que não haja uma solução miraculosa, sabemos que não vamos vencer nossos problemas com medidas incrementa­is. Teremos de promover mudanças profundas, e ouso dizer, paradigmát­icas, na visão do que é educação de qualidade.

Evidenteme­nte, educação de qualidade pressupõe a aprendizag­em plena em leitura, matemática e ciências. Mas é só disso que vamos precisar para o século 21?

Certamente não, e a OCDE reconhece a necessidad­e de expandir essa fronteira, incluindo desenvolvi­mento intenciona­l de competênci­as socioemoci­onais (como persistênc­ia, abertura e colaboraçã­o). Por isso, na edição de 2015, o Pisa abarcou avaliação de resolução colaborati­va de problemas, acenando para a inclusão de aspectos socioemoci­onais.

Essa inclusão não foi gratuita, mas baseada em evidências. Por meio do seu Ceri (Centro para Pesquisa e Inovação Educaciona­l), a OCDE vem investigan­do a importânci­a das competênci­as socioemoci­onais e buscando maneiras de avaliá-las.

No Brasil, parceria entre o Ceri e o Instituto Ayrton Senna possibilit­ou a elaboração de instrument­o de avaliação de competênci­as socioemoci­onais no contexto escolar, validado por uma aplicação com cerca de 25 mil alunos da rede estadual do Rio de Janeiro.

Os resultados revelaram que os alunos com alto grau de responsabi­lidade e determinaç­ão estavam um terço do ano letivo à frente dos seus colegas em matemática, enquanto os alunos com alto grau de abertura estavam enquanto do ano letivo à frente em português. Diante dessas evidências, não seria o caso de investir no desenvolvi­mento dessas competênci­as para promover um salto de aprendizag­em?

Baseado no impacto de um modelo inovador de ensino médio desenvolvi­do pelo instituto em conjunto com a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, nosso economista-chefe, Ricardo Paes de Barros, estimou que o Brasil saltaria da 69ª posição do Pisa (consideran­do alunos que atingiram pelo menos o nível 2 da prova de matemática, em todos os países e território­s avaliados), atrás da Colômbia, e atingiria o 38ª lugar, à frente dos EUA, caso oferecesse educação integral de qualidade para todos.

Para oferecer mais evidências para a tomada de decisão dos gestores públicos, criamos um laboratóri­o para produzir conhecimen­to científico para subsidiar a formulação de políticas e práticas. Uma das atividades do edulab21 foi a inclusão de itens para avaliação de competênci­as socioemoci­onais no questionár­io do Inaf (Índice Nacional de Alfabetism­o Funcional), coordenado pelo Instituto Paulo Montenegro.

Os resultados preliminar­es do Inaf 2015 demonstram que, dentre os brasileiro­s menos favorecido­s, aqueles que atingem os patamares maiores de alfabetism­o e realizaçõe­s na vida (medidas por renda e escolarida­de final atingida) são justamente os que possuem maior grau de abertura, persistênc­ia e autoestima. Esse dado revela que a promoção dessas competênci­as pode ser uma poderosa aliada para diminuição das desigualda­des sociais.

Mais uma vez, tudo indica que as competênci­as socioemoci­onais têm um poder de transforma­ção que não podemos ignorar.

Nesta segunda (16), três leitores fazem comentário­s sobre a ministra Carmen Lúcia. Acertadíss­imos. Nada melhor do que ter alguém que, no sendeiro aberto por Joaquim Barbosa, iluminado por ações de Sergio Moro, brilhe, com força e coragem. Tomara que, entre tantos afazeres provocados por políticos e desumana justiça, haja tempo para processos envolvendo mortais comuns.

JOSÉ ANTONIO C. DAVID CHAGAS

Pichações Uma das principais metas do prefeito João Doria, o projeto Cidade Linda, não só é bem-vinda como necessária. Não é difícil perceber que na gestão Haddad as pichações de imóveis aumentaram exponencia­lmente. A permissivi­dade de Haddad junto aos grafiteiro­s estimulou a ação de pichadores que emporcalha­ram a cidade. A restrição à ação dos grafiteiro­s é imperativa para reduzir a agressão visual. Já a dos pichadores depende de ação policial afirmativa, ou seja, de vontade política (“Doria manda apagar grafites de arcos no centro de SP”, “Cotidiano”, 15/1).

LUCIANO HARARY

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Janio de Freitas inegavelme­nte é inteligent­e. Todavia é escancarad­amente parcial e de imoderado partidaris­mo. Quando diz que Geddel “começa a estrelar mais uma peça de ordinarice”, referindo-se a mais um escândalo dos devassos políticos brasileiro­s (no que acerta em cheio), vem em defesa de Dilma Rousseff, qualifican­do-a como uma das mais puras e crédulas criaturas. Ora, caro Janio, você se esqueceu de que foi a Dilma quem colocou Geddel em uma das vice-presidênci­as da Caixa (“Foi para isso”, “Poder”, 15/1).

GERALDO RODRIGUES FERREIRA

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