Em SP, Maia reúne aliados do PT ao PSDB
Em busca da reeleição, presidente da Câmara trabalha para prestigiar Alckmin e depois almoça com aliado de Lula
Dividido, PT cogita apoio a Jovair Arantes (PTB-GO); para atrair sigla, Maia admite que deve procurar Lula
Em campanha para viabilizar sua reeleição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não fez distinções: tomou café com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e almoçou com um dos deputados mais identificados com a figura do ex-presidente Lula, o ex-cartola do Corinthians, Andres Sanchez (PT-SP).
Em ambas as ocasiões — tanto no café no Palácio dos Bandeirantes, como no almoço— arrastou consigo quase duas dezenas de deputados federais que apoiam sua candidatura, numa tentativa de demonstrar força política.
Com a visita ao governador de São Paulo, Maia alcançou dois objetivos. Fidelizar os votos da bancada do PSDB no Estado e dar uma demonstração de respeito e apreço por Alckmin, que trava uma disputa velada com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelo posto de presidenciável.
O governador não fez uma declaração de preferência explícita a Maia, mas elogiou sua gestão à frente da Câmara. “Disse e quero reiterar: nesses poucos meses que ele presidiu ele foi bem. Mas esse é um assunto da Câmara, não vamos interferir.”
Maia deixou o palácio e partiu para o almoço, onde reuniu dezenas de deputados de ao menos sete legendas: PSDB, DEM, PV, PP, PR, PC do B e PT. Com o salão cheio, um aliado otimista apostou que ele se reelegerá com mais de 300 votos —índice maior do que o que levou o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) ao comando da Casa.
Andrés Sanchez, o único petista, chegou ao restaurante quando Maia já havia sentado e outros deputados já estavam acomodados ao lado dele. Mas sua entrada provocou um rearranjo na mesa.
Sanchez se sentou à frente de Maia. Filiado ao DEM e aliado de Temer, o presidente da Câmara não esconde que trabalha para conquistar votos no PT —segunda maior bancada da Casa.
Maia diz que ainda não falou diretamente com Lula, mas admite que pode fazê-lo. “É bom não só para mim, mas para a Casa ter alguém que consiga conversar com todos”, disse.
Sabe, porém, que há uma forte divisão no partido e que seu nome (pela filiação ao DEM e o vínculo com o governo Temer) não é bem aceito por todos os petistas.
Diversos deputados da sigla dizem que não teriam como justificar um voto em Maia. A oposição tem um nome, André Figueiredo (PDTCE), mas ele aparenta ter poucas chances na disputa.
Nesse cenário, deputados do PT agora ventilam uma terceira opção: Jovair Arantes (PTB-GO), visto hoje como o nome do “baixo clero”.
“A candidatura tem simpatia na bancada, tem argumentos para defesa dela. Por isso se adotou uma linha também de se discutir com o Jovair”, disse o deputado Vicente Cândido (PT-SP). O apoio a Jovair também não seria fácil para o PT —ele representa o chamado “centrão”, grupo de partidos médios que cresceu em influência sob a batuta de Eduardo Cunha.
Em meio ao impasse, Cândido defende que a cúpula do partido feche questão, para que todos os deputados votem de maneira única.