Folha de S.Paulo

Em SP, Maia reúne aliados do PT ao PSDB

Em busca da reeleição, presidente da Câmara trabalha para prestigiar Alckmin e depois almoça com aliado de Lula

- DANIELA LIMA DANIEL CARVALHO

Dividido, PT cogita apoio a Jovair Arantes (PTB-GO); para atrair sigla, Maia admite que deve procurar Lula

Em campanha para viabilizar sua reeleição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não fez distinções: tomou café com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e almoçou com um dos deputados mais identifica­dos com a figura do ex-presidente Lula, o ex-cartola do Corinthian­s, Andres Sanchez (PT-SP).

Em ambas as ocasiões — tanto no café no Palácio dos Bandeirant­es, como no almoço— arrastou consigo quase duas dezenas de deputados federais que apoiam sua candidatur­a, numa tentativa de demonstrar força política.

Com a visita ao governador de São Paulo, Maia alcançou dois objetivos. Fidelizar os votos da bancada do PSDB no Estado e dar uma demonstraç­ão de respeito e apreço por Alckmin, que trava uma disputa velada com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelo posto de presidenci­ável.

O governador não fez uma declaração de preferênci­a explícita a Maia, mas elogiou sua gestão à frente da Câmara. “Disse e quero reiterar: nesses poucos meses que ele presidiu ele foi bem. Mas esse é um assunto da Câmara, não vamos interferir.”

Maia deixou o palácio e partiu para o almoço, onde reuniu dezenas de deputados de ao menos sete legendas: PSDB, DEM, PV, PP, PR, PC do B e PT. Com o salão cheio, um aliado otimista apostou que ele se reelegerá com mais de 300 votos —índice maior do que o que levou o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) ao comando da Casa.

Andrés Sanchez, o único petista, chegou ao restaurant­e quando Maia já havia sentado e outros deputados já estavam acomodados ao lado dele. Mas sua entrada provocou um rearranjo na mesa.

Sanchez se sentou à frente de Maia. Filiado ao DEM e aliado de Temer, o presidente da Câmara não esconde que trabalha para conquistar votos no PT —segunda maior bancada da Casa.

Maia diz que ainda não falou diretament­e com Lula, mas admite que pode fazê-lo. “É bom não só para mim, mas para a Casa ter alguém que consiga conversar com todos”, disse.

Sabe, porém, que há uma forte divisão no partido e que seu nome (pela filiação ao DEM e o vínculo com o governo Temer) não é bem aceito por todos os petistas.

Diversos deputados da sigla dizem que não teriam como justificar um voto em Maia. A oposição tem um nome, André Figueiredo (PDTCE), mas ele aparenta ter poucas chances na disputa.

Nesse cenário, deputados do PT agora ventilam uma terceira opção: Jovair Arantes (PTB-GO), visto hoje como o nome do “baixo clero”.

“A candidatur­a tem simpatia na bancada, tem argumentos para defesa dela. Por isso se adotou uma linha também de se discutir com o Jovair”, disse o deputado Vicente Cândido (PT-SP). O apoio a Jovair também não seria fácil para o PT —ele representa o chamado “centrão”, grupo de partidos médios que cresceu em influência sob a batuta de Eduardo Cunha.

Em meio ao impasse, Cândido defende que a cúpula do partido feche questão, para que todos os deputados votem de maneira única.

 ?? Marcelo S. Camargo/Framephoto/Agência O Globo ?? O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante encontro com Geraldo Alckmin
Marcelo S. Camargo/Framephoto/Agência O Globo O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante encontro com Geraldo Alckmin

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