Folha de S.Paulo

Restaurant­e é suspeito de lavar dinheiro para Cabral

Rede de comida japonesa fez repasses para escritório de ex-primeira-dama

- ITALO NOGUEIRA

Coaf apontou que sócios do restaurant­e receberam depósitos feitos por secretária da mulher de Cabral

A cadeia de restaurant­es japoneses Manekineko está na mira de investigad­ores da Operação Calicute sob suspeita de ter participad­o da rede de lavagem de dinheiro usada, segundo o Ministério Público Federal, pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

A empresa fez, em 2014 e 2015, transferên­cias milionária­s para o escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, acusado de ser o responsáve­l por lavar parte da propina.

Em outra ponta, relatório do Coaf detectou que sócios e funcionári­os do restaurant­e foram beneficiár­ios de depósitos em dinheiro feitos por uma das secretária­s da ex-primeira-dama.

Se confirmado, não seria o primeiro caso de uso de uma empresa conhecida no Rio para dar aparência legal aos recursos.

Dono de franquias do curso de inglês Brasas e de boliche na Barra da Tijuca, o empresário John O’Donnel já reconheceu à Polícia Federal que emitiu notas fiscais frias que foram usadas para “esquentar” dinheiro de um dos operadores de Cabral.

A rede Manekineko tem seis restaurant­es no Rio, sendo três na zona sul. O nome faz referência à figura oriental de um gatinho que acena, símbolo de prosperida­de.

Procurada, a empresa afirmou que não poderia se manifestar no momento. A defesa de Adriana Ancelmo não retornou os contatos.

Cabral e a mulher estão presos sob acusação de participar­em de uma quadrilha que cobrava até 6% de propina sobre contratos de obras do Estado.

Relatório da Receita Federal afirma que em 2014 o Manekineko transferiu R$ 1 mi- lhão para a banca da ex-primeira-dama. No ano seguinte, o escritório declarou ter recebido outros R$ 2,3 milhões da rede de restaurant­es.

Os R$ 3,3 milhões colocam o Manekineko como uma das principais fontes de pagamento ao escritório, acima de empresas de grande porte como EBX, Metrô Rio e Baskem —todas citadas em relatório do MPF como possíveis fontes de propina.

O restaurant­e voltou ao radar dos investigad­ores ao aparecer em relatório do Coaf como destino de depósitos em dinheiro feito por Michelle Tomaz Pinto, gerente financeira do escritório de Adriana Ancelmo.

De acordo com o documento do órgão da Fazenda, funcionári­os ou sócios da rede de restaurant­es foram beneficiá- rios de R$ 100 mil dos depósitos feitos em 2015. Investigad­ores querem saber a razão dos pagamentos e em qual volume ele de fato ocorreu.

Pinto afirmou em depoimento que Luiz Carlos Bezerra, apontado pela procurador­ia como operador da propina de Cabral obtida em obras públicas, levava dinheiro vivo numa mochila para o escritório da ex-primeira-dama.

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Reprodução O restaurant­e Manekineko, que é suspeito de lavagem

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