Folha de S.Paulo

Registrado na pesquisa anterior e 28 pontos superior à média global deste ano, que não passa de 51%.

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Como inexorável consequênc­ia da crise, o Brasil está saindo do radar da elite empresaria­l mundial: em 2011, ao iniciar-se o governo Dilma Rousseff, 19% dos executivos das grandes companhias punham o país em terceiro lugar na lista dos três em que viam maiores oportunida­des de negócios, excetuando, claro, suas próprias nações.

Na mais recente pesquisa, feita em 2016 e divulgada nesta segunda (16), são só 8% os que dão idêntica importânci­a ao Brasil, agora o sétimo.

É o que revela a 20ª pesquisa da Pricewater­houseCoope­rs com 1.379 presidente­sexecutivo­s de 79 países, divulgada, como vem sendo tradiciona­l, na véspera da abertura do Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial.

A pesquisa revela contraste entre o relativo descaso dos executivos de outros países e o entusiasmo de colegas brasileiro­s: 57% deles estão muito confiantes no cresciment­o de suas companhias nos próximos 12 meses, mais que o dobro da porcentage­m encontrada na pesquisa anterior (24%) e 19 pontos acima da média global deste ano (38%).

Detalhe importante: a pesquisa da PwC é feita, sempre, ao longo do último trimestre do ano. Nesse período ou, ao menos, no início dele, havia entusiasmo entre o empresaria­do brasileiro pelo simples fato de que fora afastada a governante que boa parte dele responsabi­lizava pela crise.

Portanto, o “surpreende­nte” entusiasmo dos brasileiro­s, apontado no relatório da Price, pode ter cedido à medida que a agenda do governo Michel Temer enfrentava tropeços e não surgiam sinais de retomada do cresciment­o.

De todo modo, a mais longo prazo (três anos), o número de executivos-chefes confiantes no cresciment­o de suas empresas é ainda mais impression­ante: são 79% de otimistas, 25 pontos acima do PRÉ-CRISE De todo modo, fica claro que a confiança não consegue voltar aos níveis pré-crise global de 2008/09: quando se pergunta aos executivos se esperam cresciment­o das empresas para os 12 meses seguintes, 38% estão otimistas. Longe do pico de otimismo (52%) atingido em 2007, véspera da grande crise.

Vale idêntico raciocínio para a perspectiv­a da cresciment­o da economia global como um todo, e não das empresas de cada um: só 29% esperam melhoria, dois pontos acima da pesquisa anterior, mas longe do pico de otimismo (os 44% de 2014).

Esse cenário nem rosa nem negro, mas cinza, é fácil de explicar nas palavras de Bob Moritz, presidente global da PwC, no relatório que acompanha a pesquisa:

“Resultados surpreende­ntes de votação colocaram pressão em blocos estabeleci­dos [alusão óbvia ao “brexit”] e, hoje, os sistemas globais que respaldam o comércio estão rangendo nas suas costuras. Eventos recentes também revelaram a extensão do descontent­amento do público com a brecha em competênci­as, empregos e desigualda­de de renda”.

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Tony Gentile - 8.jun.14/Reuters Cristo Redentor refletido em óculos Ray-Ban, da Luxottica

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