Campanha de Doria contra pichação reacende ‘guerra do spray’ em SP
timas declarações do prefeito. “O Doria falar essas coisas só alimenta mais nossa vontade de subir nas paredes”, dizia um. “Se legalizar, deixa de ser grafite”, afirmou outro.
Autor da pichação no terminal Bandeira, um rapaz de 33 anos da “família” Telas diz que aquilo “não foi para atacar”. “Queria expor para ele que por mais que seja vista como poluição visual aqui, lá fora a pichação é vista como arte”, diz, admitindo que não gostaria de ter a casa pichada, “mas teria que aceitar”.
Para pintar a parede do prédio, pendurou-se no alto do edifício com uma corda, técnica que aprendeu com a identidade que assume de dia —ele é pintor predial.
Em uma carta a Doria, outro integrante do grupo que participou da ação diz que a pichação “carrega o grito de cidadãos que não têm garantido seu espaço e seus direitos, que não provoca, mas denuncia a degradação da cidade”. “O senhor declara o combate à ‘pixação’ por ser uma agressão à cidade, mas não pensa em garantir uma cidade menos agressora a seus moradores?”, questiona.
Para Júlio Nicolau, da Trevo, empresa que mantém um estacionamento no edifício, a pichação do grupo é “descabível” e deverá ser apagada. ‘GRAFITÓDROMO’ Na 23 de maio, onde a gestão Fernando Haddad (PT) inaugurou murais em todo o corredor, Doria diz que manterá oito trechos grafitados —“os demais já estão envelhecidos ou foram mutilados por pichadores”, disse. Alguns grafiteiros defendem apagar periodicamente esses murais para dar espaço à renovação.
O “grafitódromo” que a cidade deve ganhar terá café, loja e um espaço de convivência para oficinas, segundo o secretário de Cultura, André Sturm. Ele diz estudar locais na Mooca (zona leste) e na Sé. “Será um local para aprender técnicas, de referência.”
A ideia é inspirada em Wynwood, em Miami, distrito onde galerias se estabeleceram após uma onda de gentrificação. Para Rui Amaral, 56, um dos curadores dos painéis da 23 de maio, porém, São Paulo já tem espaços assim, livres e nascidos de forma orgânica. “Começamos a grafitar a Vila Madalena no anos 1980.”
DE BRASÍLIA
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou pela primeira vez o registro de um medicamento à base de maconha no Brasil. O Mevatyl, que agora poderá ser comercializado em farmácias, tem 27 mg/ml de THC (tetrahidrocannabinol) e 25 mg/ ml de CBD (canabidiol).
O remédio, conhecido no exterior pelo nome comercial Sativex, será vendido em forma de spray. O produto já é liberado em outros 28 países, como EUA, Alemanha, Suécia e Israel. Fabricado pela GW Pharma, da Inglaterra, ele será distribuído no Brasil pela Beaufour Ipsen Farmacêutica, de SP.
O Mevatyl é indicado para tratamento de espasticidade (rigidez e contração dos músculos), quadro relacionado à esclerose múltipla. O neurologista Denis Bichuetti, da Unifesp, esclarece que ele serve apenas para tratar sintomas. “Não foi desenvolvido para frear a doença.”
O remédio deve chegar ao mercado a partir de junho, segundo a Ipsen, e com tarja preta, que requer receita médica especial e assinatura do paciente. Ainda não há informações sobre o preço. Em geral, após o registro, o processo é analisado pela Cmed (órgão de regulação), que define um valor máximo.
A aprovação do primeiro remédio à base de maconha ocorre um mês após a Anvisa criar critérios para permitir o registro desses produtos — passaram a ser autorizados até 30 mg/ml de canabidiol e THC.
Segundo a Anvisa, o Mevatyl é recomendado apenas a adultos que não responderam a outros medicamentos —não há dados sobre menores de 18 anos e ele é contraindicado para gestantes, idosos e usuários de cannabis.
Apesar da presença de THC, estudos apontam que a dependência pelo uso do novo remédio é “improvável”. Ele não é indicado para epilepsia.