O X DA QUESTÃO
A urofilia na cultura pop
empresário.
Antes do dossiê contra o republicano “vazar” (piada do próprio), o hábito já permeava a cultura pop. No seriado “Girls”, a protagonista Hannah deu um chilique quando o namorado mirou o xixi nela num banho a dois.
Em “Sex and the City”, um político vivido por John Slattery (o Roger Sterling de “Mad Men”) pede à personagem de Sarah Jessica Parker que se alivie em cima dele.
A minissérie da Globo “Verdades Secretas” causou frisson em 2015, por uma cena em que o personagem de Reynaldo Gianecchini parecia “chover dourado” num amante.
Para a ginecologista Jaqueline Brendler, da Associação Mundial para Saúde Sexual, o fetiche tem limite. “O problema é quando vira um transtorno de preferência sexual, que é quando alguém só se excita com a prática.”
Já que o brasileiro transa em média até três vezes por semana, de acordo com uma pesquisa do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade da USP), a urofilia semanal já seria doentia, diz Brendler. “A pessoa está gostando demais.”
Coordenadora do Prosex, Carmita Abdo lembra que a urofilia deixou de ser considerada um desvio sexual na 5ª edição do DSM (manual de diagnóstico de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria), de 2013 —antes ela era enquadrada ao lado de males como pedofilia e exibicionismo.
Se “existe consenso entre as duas partes e a pessoa não sofre por sentir essa necessidade”, afirma Abdo, não há por que falar em correção. E se o DSM mudou, acrescenta, é porque “acabou-se percebendo que esse comportamento não é tão raro assim”.