Folha de S.Paulo

Músico desenvolve trilhas para blockbuste­rs nacionais

Diretor artístico do Rock in Rio, cantor e compositor Zé Ricardo assina músicas de três das sete produções de maior público em 2016

- FABIANA SERAGUSA

O cantor e compositor carioca Zé Ricardo, diretor artístico do festival Rock in Rio desde 2008, começou a trabalhar com trilhas sonoras para o cinema em 2015 com a comédia “Loucas pra Casar”, dirigida por Roberto Santucci. De lá para cá, os quatro filmes que levaram sua assinatura foram vistos por mais de 1 milhão de pessoas cada um.

“Quando vi que meu primeiro filme [‘Loucas...’] bateu 4,5 milhões de espectador­es fiquei maluco, pensei ‘que legal isso, quero continuar fazendo essa coisa de trilha”, conta o artista, que montou um estúdio na Gávea logo que foi escalado para o trabalho. “Comprei o equipament­o todo em uma semana, investi uma supergrana e montei o Cantinho [nome do espaço].”

Na lista dos longas nacionais com maior público em 2016, divulgada pelo site Filme B, três das sete primeiras posições têm trilha de Zé Ricardo: “Um Suburbano Sortudo” (7º lugar: 1.093.932), “Tô Ryca” (6º: 1.126.278) e “Minha Mãe É uma Peça 2”, com o humorista Paulo Gus- tavo, que terminou o ano na segunda posição mas continua em cartaz e já ultrapasso­u a marca dos 6 milhões.

“Acho que estou pé quente”, diz o músico, que leva de dois a três meses para finalizar cada trabalho. Ele diz que costuma convidar vários instrument­istas para as gravações, mesmo que isso encareça o processo, porque a ideia é passar a sensação para a obra de uma big band.

No caso de “Minha Mãe É uma Peça 2”, por exemplo, as cenas ganharam muito sopro e clima de jazz. “Propus isso para o Cesinha [César Rodrigues, o diretor] e para o Paulo Gustavo, que é absolutame­nte ativo na trilha do filme, e eles adoraram.”

O ator, que interpreta a desbocada Dona Hermínia, destaca o valor da sonoridade na obra. “Acho tão importante quanto o texto e a interpreta­ção. Quando entra a trilha, o filme ganha outro colorido.”

Ele conta que conheceu Zé Ricardo por intermédio da atriz Ingrid Guimarães, amiga em comum dos dois. “Eu o chamei para escrever a música-tema para ‘Minha Mãe É uma Peça’ no teatro. Ele sentou no camarim com o violão, cantou pra mim e eu fiquei megaemocio­nado.”

Desde então, o músico já compôs para outros dois espetáculo­s do ator. “Zé Ricardo praticamen­te faz a trilha sonora da minha vida.”

Para conseguir dar conta dos trabalhos, o compositor divide seu tempo em turnos: a manhã e a tarde são destinadas ao Rock in Rio e a outros assuntos (ele participou da produção do recém-lançado disco de Mart’nália, chamado “+ Misturado”), e a noite é reservada para o estúdio.

É lá que ele trabalha atualmente na trilha de “Ela É o Cara”, que estreia em maio. Outros dois longas estão engatilhad­os e um show em São Paulo está marcado para março, ainda sem local definido.

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Arquivo pessoal Zé Ricardo em seu estúdio na Gávea, no Rio de Janeiro

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