Folha de S.Paulo

GOVERNO TRUMP Eliminar Obamacare tiraria seguro de 18 milhões, diz estudo

De acordo com órgão não partidário do Congresso dos EUA, número pode chegar a 32 milhões em dez anos

- MARCELO NINIO

'Repelir e substituir' programa de saúde foi uma das principais promessas de Trump em sua campanha

Ao menos 18 milhões de pessoas perderão o seguro de saúde até 2018 nos EUA caso os republican­os levem à frente a promessa de desmontar reforma de saúde implementa­da pelo presidente Barack Obama sem um plano alternativ­o, afirma estudo divulgado nesta terça (17).

O desmonte do Obamacare, como ficou conhecida a Lei de Saúde Acessível de 2010, já passou por uma primeira votação no Congresso dos EUA na semana passada e deve ganhar impulso depois da posse presidenci­al de Donald Trump, na próxima sexta -feira (20).

“Repelir e substituir” o Obamacare foi uma das principais promessas de Trump em sua campanha.

Segundo o estudo do Escritório de Orçamento do Congresso (EOC), órgão não partidário, sem uma alternativ­a ao Obamacare o número de americanos sem seguro médico pode chegar a 32 milhões em dez anos.

No mesmo período, estima a análise, o custo para segurados individuai­s dobraria.

As previsões não são exatamente novas, mas o estudo do EOC reforça ainda mais as incertezas que existem em torno do esforço de desmontar uma das principais políticas do governo Obama, enquanto os rivais republican­os tentam assegurar que o novo plano será mais econômico para o país sem prejudicar a população.

No último fim de semana houve vários protestos no país contra o fim da reforma implementa­da por Obama.

Ocorre que, entre os repu- DONALD TRUMP blicanos, ainda não há consenso sobre o melhor caminho, aumentando a preocupaçã­o de que o Obamacare seja repelido sem que exista um substituto.

Há poucos dias, Trump disse ao jornal “The Washington Post” que seu gabinete estava próximo de um plano que dará “seguro a todos”, mas não deu detalhes.

A estimativa do EOC leva em conta a expectativ­a de que dois pilares do Obamacare serão eliminados: a obrigatori­edade para todos os cidadãos de ter seguro médico e a redução dos subsídios.

De acordo com o site de checagem de fatos Politifact, hoje há 28 milhões de americanos sem seguro médico, ante 41,3 milhões em 2013, redução ocorrida sobretudo graças à expansão do acesso com o Obamacare.

A divisão despertada pelo tema no Congresso também se reflete na opinião pública.

A maioria é contra o plano (52%), de acordo com pesquisa do site Politico.

Mas a mesma pesquisa mostra também que 61% dos entrevista­dos acreditam que o Obamacare não deve ser repelido até que haja uma alternativ­a para ser implementa­da imediatame­nte. Americanos devem ter cobertura de plano de saúde, sob risco de pagar multa. Há exceções, como para pessoas de algumas religiões, tribos nativas, presos e pessoas com renda tão baixa que não conseguem obter cobertura

Vamos ter seguro para todos. Havia uma filosofia de que, se você não pode pagar, não pode ter. Isso não vai acontecer conosco

Seguradora­s não podem mais se recusar a aceitar pacientes devido a doenças preexisten­tes ou condições físicas (como peso) nem cobrar mais de mulheres, entre outras restrições Os republican­os e Trump não apresentar­am detalhes da legislação que substituir­ia o Obamacare Certas partes do Obamacare, como a proibição à rejeição de doenças pré-existentes, podem não ser derrubadas pois isso exigiria mais votos do que os republican­os têm

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