Retomada do crescimento depende de reformas e não só de juros, diz BC
Ata de reunião do Copom reforça justificativas da instituição para acelerar redução da taxa Selic
Para Banco Central, país precisa investir em infraestrutura e medidas que deem eficiência à economia
O Banco Central afirmou nesta terça-feira (17) que a recuperação da economia brasileira vai depender não só da redução dos juros mas da realização de reformas que equilibrem as contas do governo, além de investimentos em infraestrutura e outras medidas que melhorem o ambiente de negócios e aumentem a eficiência da economia.
O recado foi dado pelo BC na ata da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da instituição, publicada nesta terça. Na semana passada, o Copom surpreendeu o mercado ao baixar a Selic para 13% ao ano, acelerando o ritmo de redução da taxa básica de juros.
“Os membros do Copom destacaram a importância de outras reformas e investimentos em infraestrutura que visam aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”, diz o BC na ata.
Esses esforços, afirmou o BC, são “fundamentais” para a recuperação e a manutenção da atividade econômica.
Além de voltar a destacar a importância da aprovação do teto que limita os gastos públicos à inflação do ano anterior, o BC mencionou a necessidade de outras mudanças “no âmbito fiscal”, em referência à proposta de reforma da Previdência que o Congresso discutirá neste ano.
O Copom deu destaque na ata à atividade econômica fraca, além de apontar que as projeções de inflação indicam convergência para a meta de 4,5% em 2017 e 2018.
“Com expectativas de inflação ancoradas e projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, o desempenho da atividade econômica recomenda a antecipação do ciclo de distensão da política monetária”, informou o BC.
Segundo o boletim Focus de segunda (16), os analistas ouvidos pelo BC, que antes da decisão do Copom esperavam uma Selic de 10,25% em dezembro, reduziram suas previsões para 9,75%.
As expectativas para o crescimento foram mantidas em 0,5% para este ano e reduzidas a 2,2% para 2018.
“As evidências apontam nível de atividade aquém do que se esperava nos últimos meses”, afirma a ata do BC. “Isso contribuiu para consolidar a avaliação de que a recuperação da economia deve ser mais demorada e gradual que a antecipada previamente.”
Em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a política monetária vai ajudar na recuperação econômica. Ressaltou, entretanto, que as reduções da Selic não são a única alternativa disponível. (MAELI PRADO)