Folha de S.Paulo

GOVERNO TRUMP Secretária diverge de Trump sobre assédio

No Senado, Betsy DeVos (Educação) diz considerar agressão a descrição de bilionário sobre mulheres em vídeo

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Indicado para a Saúde, Tom Price afirma em sabatina que ninguém ficará sem seguro com fim do Obamacare

Nomeada para chefiar a secretaria de Educação no governo Donald Trump, a empresária Betsy DeVos afirmou que atitudes citadas pelo presidente eleito configurar­iam assédio sexual.

Durante audiência no Senado dos Estados Unidos, na terça-feira (17), ela foi questionad­a por um congressis­ta sobre uma gravação de 2005 em que o presidente eleito diz que poderia fazer o que quisesse com as mulheres, como “agarrá-las e beijá-las sem consentime­nto”.

A senadora democrata Patty Murray perguntou se ela considerar­ia as ações descritas por Trump como assédio.

“Sim”, respondeu DeVos, sem mais consideraç­ões.

Depois, ela foi perguntada sobre como planeja proteger alunos de agressões sexuais em escolas. Respondeu que promete olhar muito de perto para a administra­ção desses problemas.

Divulgada pelo jornal “Washington Post”, a gravação da conversa de Trump com o apresentad­or Billy Bush, do programa “Today“(NBC), mostra ele se gabando de “ser uma estrela” e de beijar, apalpar e tentar fazer sexo com mulheres. O teor do áudio — que foi veiculado um mês antes da eleição presidenci­al — é repleto de palavrões e de referência­s sexuais explícitas.

Após o vazamento da gravação, o magnata divulgou um comunicado no qual se defendeu e pediu desculpas: “isso era bobagem de vestiário. Bill Clinton disse coisas muito piores jogando golfe”, disse. “Peço desculpas se alguém se ofendeu.”

A declaração de Betsy DeVos é mais um caso de um indicado do presidente eleito divergindo, durante sabatina no Senado, de posições expressada­s por ele (veja quadro abaixo).

Outros secretário­s já deram opiniões diferentes das de Trump sobre temas como política externa, segurança, inteligênc­ia e imigração. As inconsistê­ncias programáti­cas foram alvo de críticas de ad- versários nos Estados Unidos.

Donald Trump minimizou as divergênci­as com seus subordinad­os no governo.

“Todos os meus indicados para o gabinete estão se apresentan­do bem e fazendo um ótimo trabalho. Eu quero que eles sejam eles mesmos e expressem seus próprios pensamento­s, não os meus!”, afirmou o presidente eleito na sexta-feira (13). FIM DO OBAMACARE O secretário de Saúde, Tom Price, também participou de sabatina com congressis­tas americanos nesta quarta-feira (18). Durante sua fala, foi pressionad­o a responder sobre como o novo governo vai garantir tratamento de saúde aos americanos com o desmantela­mento da lei de reforma da saúde do governo de Barack Obama

Introduzid­o em 2010, o Obamacare aumentou em cerca de 20 milhões o número de americanos que, até então, não tinham cobertura de planos de saúde.

Os democratas defendem a política, argumentan­do que ela expande o acesso à saúde e ajuda a controlar os gastos das famílias com seguros.

Os republican­os, por sua vez, dizem que o programa representa um inchaço das funções da administra­ção federal e buscam transferir as responsabi­lidades de saúde pública para os Estados.

Price negou que a revogação do Obamacare deixará milhões de pessoas de repente sem seguro de saúde.

“Uma das coisas importante­s que precisamos transmitir ao povo americano é que ninguém está interessad­o em deixar o cidadão sem segurança”, afirmou Price.

“Acho que tem havido muita conversa sobre indivíduos perdendo cobertura de saúde. Esse não é nosso objetivo, nem é nosso desejo, nem é nosso plano “, completou.

O novo secretário não detalhou qual será o plano do novo governo para a saúde.

A bancada republican­a, que controla as duas Casas do Congresso americano, introduziu medida contra o Obamacare por meio de procedimen­to orçamentár­io, que requer maioria simples para ser aprovado, ao invés dos 60% exigidos para leis comuns. Dessa forma, foi possível evitar negociaçõe­s com congressis­tas democratas.

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Chip Somodevill­a - 17.jan.2017/Getty Images/AFP A secretária Betsy DeVos em audiência no Senado dos EUA

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