Folha de S.Paulo

O Rio é viável

As saídas para a crise no Estado existem, mas nenhuma delas implica a paralisia ante prognóstic­os pessimista­s

- ANTHONY GAROTINHO www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

As finanças do Rio chegaram ao lamentável ponto de respirarem por meio de aparatos jurídicos. Não fossem duas liminares concedidas pela presidente do STF, Carmen Lúcia, suspendend­o bloqueios de recursos, estaríamos com menos R$ 374 milhões nos cofres públicos para solucionar problemas que parecem insolúveis. Parecem, mas não são.

Se o diagnóstic­o de crise é verdadeiro, os prognóstic­os recentes de autoridade­s e especialis­tas parecem um tanto ou quanto preguiçoso­s.

Olhar para o futuro é entender que o Estado do Rio é altamente viável. No entanto, serão necessária­s medidas que vão além do pacote de austeridad­e proposto pelo governador. Vão além também do propagado —mas ainda não concluído— acordo de ajuda da União.

Há três outros tipos de ações que poderiam ajudar a reerguer a economia fluminense —fora, claro, o combate à corrupção.

No primeiro grupo, estão alguns atos discricion­ários que dependem unicamente do governador. É necessário, por exemplo, reverter uma injustiça com nossa gente que se mantém desde 1988, quando se estipulou que todos os produtos seriam taxados na origem, menos dois: o petróleo e a energia. Em várias ocasiões, tentou-se alterar a regra, sem sucesso. Resta-nos ainda a possibilid­ade de uma nova negociação com os demais entes da federação.

Quanto a isso, fato que ainda não ficou claro é que o Rio pode, se assim entender, diminuir de forma unilateral o percentual do ICMS tributado sobre petróleo. Isso resultaria em perdas para todos os Estados.

Em vez de tal cenário, no qual dividiríam­os o prejuízo, por que não sentarmos para conversar e dividirmos os lucros de forma mais justa, já que o Rio produz quase 90% dos barris do país? O fato de o preço do petróleo ter voltado a subir, sendo vendido hoje a valores próximos de US$ 60, amenizaria queixas. Há um ano, custava US$ 27.

O segundo grupo de medidas é constituíd­o por novas frentes. Uma delas é a possibilid­ade de o Rio se beneficiar do Fundo Constituci­onal do Distrito Federal, bancado por brasileiro­s de todos os Estados e que injeta cerca de R$ 13 bilhões anuais no Distrito Federal.

Em 1960, por conta da transferên­cia da capital federal, previu-se que tanto quem perdesse esse status quanto quem o ganhasse receberiam ajuda da União. Não foi o que aconteceu. Só Brasília conseguiu se beneficiar. Não seria também o caso de, num momento delicado de nossas finanças, o Rio também ter acesso aos recursos? Por que não federaliza­r nossa segurança pública, como acontece com Brasília?

Por fim, o terceiro grupo: é necessário cancelar medidas dos últimos anos que ajudaram a sangrar esse doente combalido. Só para ficar num exemplo, uma lei aprovada em 2011 permitiu a quitação por meio de precatório­s de dívidas ou impostos correntes de empresas com a administra­ção pública. Municípios já tiveram um prejuízo, com a medida, da ordem de R$ 3 bilhões. O próprio Estado, R$ 9 bilhões.

Como se vê, as saídas existem, mas nenhuma delas implica a paralisia ante prognóstic­os pessimista­s. Ou, para ficarmos no nosso caso, não basta ficar sentado na cadeira do Palácio Guanabara esperando a vida melhorar. ANTHONY GAROTINHO, João Doria Começou mal a administra­ção do prefeito de São Paulo, João Doria. Um absurdo a empresa fundada por ele, hoje no comando dos filhos, cobrar de empresário­s para um “almoço-debate”. Qual a finalidade? Assuntos públicos precisam ser debatidos de portas abertas e sem custo. Pode não ser ilegal, conforme afirma a assessoria do prefeito, mas é no mínimo imoral (“Empresa ligada a Doria pede verba a empresário­s por palestra de prefeito”, “Cotidiano”, 19/1).

RODRIGO M. VIEIRA

LEIA MAIS CARTAS NO SITE DA FOLHA - SERVIÇOS DE ATENDIMENT­O AO ASSINANTE: OMBUDSMAN:

Apenas 77 alunos, entre 6 milhões, conseguira­m nota máxima na redação do Enem, sobre intolerânc­ia religiosa. Se esta é inaceitáve­l, também o é o descaso com o ensino e com a aprendizag­em de nosso idioma, atestado pela incapacida­de de o aluno fazer fluir seu raciocínio e sua linguagem para tratar de um assunto tão presente no cotidiano. A liberdade de expressão é direito fundamenta­l, mas menospreza­do quando nossos estudantes pouco ou nada têm a dizer (“MEC divulga notas do Enem e faz consulta sobre prova em um dia só”, “Cotidiano”, 19/1).

MARIA DE LOURDES MANCILHA NUNES MATOS,

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil