Folha de S.Paulo

PF encontra 21 peças sumidas de coleção doada a museu

Doação de família milionária foi acertada em 2009, mas mulher voltou atrás

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Itens cedidos ao Museu Imperial estavam em escritório­s e casas de parentes do casal Paulo e Maria Cecília Geyer

Em operação deflagrada na quarta (18), no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia, a Polícia Federal localizou 21 itens desapareci­dos da coleção doada pelo milionário Paulo Geyer e sua mulher, Maria Cecília, ao Museu Imperial de Petrópolis.

De acordo com a PF, entre os itens encontrado­s havia três livros raros, pratarias, porcelanas e dois móveis.

A polícia não revelou nem o valor das peças recuperada­s nem o nome das pessoas que estavam com eles.

Todas as peças, porém, foram encontrada­s em escritório­s e casas de parentes de Paulo e Maria Cecília.

Além de notória por ser uma das principais coleções do país de temas brasileiro­s —os Geyer tinham obras de artistas como Johan Moritz Rugendas, Nicolas-Antoine Taunay e Thomas Ender—, o acervo da família ficou conhecido pelo envolvimen­to em uma história folhetines­ca.

O casal era dono do conglomera­do petroquími­co Unipar. Paulo morreu em 2004; a mulher, em 2014.

A doação das mais de 4.000 obras, livros e objetos ao Museu Imperial, além da própria mansão do casal no Rio, foi acertada em 1999. Mas até hoje está envolta em uma série de percalços e intrigas familiares.

Em 2008, com Paulo já morto, Maria Cecília resolveu contestar na Justiça a doação, pedindo a retirada de 220 peças da lista —ao mesmo tempo, passou a impedir o acesso dos técnicos do museu à mansão.

Os funcionári­os do Museu Imperial só puderam visitar de novo a coleção em 2014. Ao entrar na casa dos Geyer, porém, perceberam o desapareci­mento de 124 peças cuja doação havia sido acertada. INTRIGA Para completar, quando o testamento de Maria Cecília foi aberto, descobriu-se que ela deserdava uma filha e um neto, acusando-os de atentar contra sua integridad­e física, o que foi negado pela filha.

O curioso é que, de acordo com a Polícia Federal, nenhuma das peças agora recuperada­s faz parte da lista das 220 que Maria Cecília pretendia excluir da doação.

A ideia é que o Museu Imperial faça da mansão dos Geyer uma nova unidade. Ela deveria ter sido inaugurada ano passado, mas as obras estão atrasadas.

A coleção da família foi tombada, há três anos, pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O conjunto é formado por 1.120 pinturas e gravuras, 2.590 livros e 466 objetos. Entre estes, está uma lanterna de prata que enfeitava uma carruagem de dom Pedro 2º.

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