Oportunidades para Brasília
O pessimismo diante da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos é não apenas compreensível como, na maioria dos casos, justificado. Suas declarações polêmicas durante a campanha e sua falta de compromisso com os fatos são ingredientes para um governo possivelmente recheado de crises.
Os riscos geopolíticos são claros. O viés mais isolacionista que Trump promete dar a sua política externa reduzirá a cooperação entre as grandes potências, o que poderá agravar vários problemas existentes. Da possível reversão de importantes negociações recentes —como o combate à mudança climática ou o acordo nuclear com o Irã— a uma relação mais tensa com Pequim, os sinais são de mais instabilidade global.
No plano econômico, a expectativa é que as promessas de Trump soprarão ventos protecionistas pelo globo. O cancelamento das negociações do acordo Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), a provável imposição de barreiras ao México e uma possível retaliação comercial contra a China elevam os riscos de uma escalada protecionista em outras regiões. Sem a boa vontade ou mesmo a liderança dos EUA, qualquer expectativa em torno de um acordo comercial global não se sustentará pelos próximos anos.
Apesar de essas incertezas delinearem cenário global mais complicado para todos, o impacto de um governo Trump sobre o Brasil proporcionará também oportunidades a serem exploradas por Brasília.
A contração da presença dos EUA no mundo abrirá espaços de atuação para outras potências. Um candidato óbvio a preencher parte do vácuo deixado pelos EUA é a China, que deverá compensar os atritos comerciais com Washington com maior disposição de ampliar a cooperação econômica com outras regiões.
Faz parte dessa estratégia o fortalecimento de instituições que independem dos EUA, como o banco asiático de investimento em infraestrutura e o banco dos Brics, do qual o Brasil é membro.
Para o Brasil, essa dinâmica poderá ter alguns efeitos positivos. Com a China mais disposta a fazer negócios, Brasília terá mais oportunidades para ampliar a relação.
No plano econômico, por exemplo, o objetivo será o de ir além dos importantes fluxos comerciais e tornar a China importante fonte de investimentos pesados no país. Esse processo, que já começou, tenderá a se intensificar nos próximos anos, contribuindo para a lenta retomada da economia brasileira.
Aliás, os ventos protecionistas do governo Trump servirão também como terapia de choque para atualizar a política comercial brasileira. Sem a expectativa de grandes negociações multilaterais, caminhos bilaterais deverão começar a surgir mundo afora, inclusive com o próprio EUA sob Trump.
Para Brasília, que deverá adotar uma política comercial mais proativa (e criativa), não faltarão, portanto, oportunidades para compensar a ausência de acordos bilaterais nos últimos anos.
Já para a América do Sul, a boa notícia é que a região não está na lista de prioridades de Trump. Apesar dos riscos óbvios para o México e a possibilidade de reversão da aproximação com Cuba, na vizinhança mais próxima do Brasil a tendência é de uma busca por maior convergência comercial.
Sem o TPP, por exemplo, os países da Aliança para o Pacífico já falam em retomar as conversas com o Mercosul, atualmente composto por países menos refratários ao comércio. Se esse processo for confirmado, dará ao Brasil chance de redesenhar seu entorno estratégico.
Por fim, haverá uma outra consequência positiva, porém menos óbvia, de um governo Trump para o Brasil. Paradoxalmente, os efeitos negativos que Trump vem provocando nos mercados têm dado ao presidente Michel Temer mais argumentos para defender as reformas no Congresso. Com uma economia global mais desfavorável, a tendência é a classe política em Brasília acelerar a aprovação das reformas. JOÃO AUGUSTO DE CASTRO NEVES,
No caderno especial “Morte na Lava Jato” está implícito o receio: morte da Lava Jato. Em que país vivemos? Um lamentável acidente aéreo deixa o Brasil perplexo. Quem substituirá Teori? Não que faltem competências ou excelências, mas sobram desconfianças.
PAULO TARSO J. SANTOS
Teori, um destacado jurista brasileiro, um verdadeiro herói nestes tempos em que o Poder Judiciário é chamado a protagonizar uma nova era para a República e para a vida democrática em nosso hemisfério. Morreu vítima de grave e infeliz acidente aéreo. O povo brasileiro perde um dos seus mais valorosos filhos. Luz e paz para nossos corações.
HENRIQUE NELSON CALANDRA,
Presídios Sobre a coluna de Reinaldo Azevedo (“É a democracia, estúpidos!”, “Poder”, 20/1), fatos chocantes nos presídios brasileiros estão sendo tratados com medidas de efeito rápido para conter repetições das carnificinas. Como às facções interessa que o terror perdure o máximo possível, é plausível admitir que esse drama continue se alastrando para outros Estados. Portanto as medidas preventivas precisam chegar logo a todos. Essa situação destrói a confiança da sociedade na capacidade do governo de se impor ao crime organizado.
SÉRGIO R. JUNQUEIRA FRANCO,
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Ao contrário do que afirmam Hélio Schwartsman (“Golpe na Fapesp”, “Opinião”, 18/1) e o editorial “Alckmin contra a Fapesp” (“Opinião”, 17/1), a decisão relativa ao orçamento da Fapesp foi tomada de forma independente por 64 deputados de diversos partidos. A decisão da Alesp destina à fundação mais de 1% da receita tributária, considerando a exclusão da parcela de transferência aos municípios e conforme determina o parágrafo único do art. 271 da Constituição estadual. A Fapesp tem autonomia para gerir seus recursos e iniciou 2017 com R$ 612 milhões de dotações anteriores em caixa.
CLEBER MATA,
Não há erro. O próprio governo de Geraldo Alckmin (PSDB) estima em R$ 111 bilhões a arrecadação líquida, portanto o repasse de R$ 996,7 milhões pelo Tesouro do Estado à Fapesp neste ano, após a modificação feita pela Assembleia Legislativa de maioria governista, é inferior a 1%, percentual estipulado na Constituição estadual.
NOTA DA REDAÇÃO -
Esporte A Folha trouxe nesta sexta (20) notícias sobre futebol, basquete e tênis. O caderno esportivo sempre publicou análises sobre diversas competições. Mas vejo que, a cada dia, a editoria vai ficando “abandonada”, com informações muito rasas. “Esporte” é ótimo, mas precisa melhorar.
MATHEUS FERNANDES DE BARROS