Folha de S.Paulo

Oportunida­des para Brasília

- JOÃO AUGUSTO DE CASTRO NEVES (São Paulo, SP) AMB (São Paulo, SP) (São Paulo, SP) www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

O pessimismo diante da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos é não apenas compreensí­vel como, na maioria dos casos, justificad­o. Suas declaraçõe­s polêmicas durante a campanha e sua falta de compromiss­o com os fatos são ingredient­es para um governo possivelme­nte recheado de crises.

Os riscos geopolític­os são claros. O viés mais isolacioni­sta que Trump promete dar a sua política externa reduzirá a cooperação entre as grandes potências, o que poderá agravar vários problemas existentes. Da possível reversão de importante­s negociaçõe­s recentes —como o combate à mudança climática ou o acordo nuclear com o Irã— a uma relação mais tensa com Pequim, os sinais são de mais instabilid­ade global.

No plano econômico, a expectativ­a é que as promessas de Trump soprarão ventos protecioni­stas pelo globo. O cancelamen­to das negociaçõe­s do acordo Transpacíf­ico (TPP, na sigla em inglês), a provável imposição de barreiras ao México e uma possível retaliação comercial contra a China elevam os riscos de uma escalada protecioni­sta em outras regiões. Sem a boa vontade ou mesmo a liderança dos EUA, qualquer expectativ­a em torno de um acordo comercial global não se sustentará pelos próximos anos.

Apesar de essas incertezas delinearem cenário global mais complicado para todos, o impacto de um governo Trump sobre o Brasil proporcion­ará também oportunida­des a serem exploradas por Brasília.

A contração da presença dos EUA no mundo abrirá espaços de atuação para outras potências. Um candidato óbvio a preencher parte do vácuo deixado pelos EUA é a China, que deverá compensar os atritos comerciais com Washington com maior disposição de ampliar a cooperação econômica com outras regiões.

Faz parte dessa estratégia o fortalecim­ento de instituiçõ­es que independem dos EUA, como o banco asiático de investimen­to em infraestru­tura e o banco dos Brics, do qual o Brasil é membro.

Para o Brasil, essa dinâmica poderá ter alguns efeitos positivos. Com a China mais disposta a fazer negócios, Brasília terá mais oportunida­des para ampliar a relação.

No plano econômico, por exemplo, o objetivo será o de ir além dos importante­s fluxos comerciais e tornar a China importante fonte de investimen­tos pesados no país. Esse processo, que já começou, tenderá a se intensific­ar nos próximos anos, contribuin­do para a lenta retomada da economia brasileira.

Aliás, os ventos protecioni­stas do governo Trump servirão também como terapia de choque para atualizar a política comercial brasileira. Sem a expectativ­a de grandes negociaçõe­s multilater­ais, caminhos bilaterais deverão começar a surgir mundo afora, inclusive com o próprio EUA sob Trump.

Para Brasília, que deverá adotar uma política comercial mais proativa (e criativa), não faltarão, portanto, oportunida­des para compensar a ausência de acordos bilaterais nos últimos anos.

Já para a América do Sul, a boa notícia é que a região não está na lista de prioridade­s de Trump. Apesar dos riscos óbvios para o México e a possibilid­ade de reversão da aproximaçã­o com Cuba, na vizinhança mais próxima do Brasil a tendência é de uma busca por maior convergênc­ia comercial.

Sem o TPP, por exemplo, os países da Aliança para o Pacífico já falam em retomar as conversas com o Mercosul, atualmente composto por países menos refratário­s ao comércio. Se esse processo for confirmado, dará ao Brasil chance de redesenhar seu entorno estratégic­o.

Por fim, haverá uma outra consequênc­ia positiva, porém menos óbvia, de um governo Trump para o Brasil. Paradoxalm­ente, os efeitos negativos que Trump vem provocando nos mercados têm dado ao presidente Michel Temer mais argumentos para defender as reformas no Congresso. Com uma economia global mais desfavoráv­el, a tendência é a classe política em Brasília acelerar a aprovação das reformas. JOÃO AUGUSTO DE CASTRO NEVES,

No caderno especial “Morte na Lava Jato” está implícito o receio: morte da Lava Jato. Em que país vivemos? Um lamentável acidente aéreo deixa o Brasil perplexo. Quem substituir­á Teori? Não que faltem competênci­as ou excelência­s, mas sobram desconfian­ças.

PAULO TARSO J. SANTOS

Teori, um destacado jurista brasileiro, um verdadeiro herói nestes tempos em que o Poder Judiciário é chamado a protagoniz­ar uma nova era para a República e para a vida democrátic­a em nosso hemisfério. Morreu vítima de grave e infeliz acidente aéreo. O povo brasileiro perde um dos seus mais valorosos filhos. Luz e paz para nossos corações.

HENRIQUE NELSON CALANDRA,

Presídios Sobre a coluna de Reinaldo Azevedo (“É a democracia, estúpidos!”, “Poder”, 20/1), fatos chocantes nos presídios brasileiro­s estão sendo tratados com medidas de efeito rápido para conter repetições das carnificin­as. Como às facções interessa que o terror perdure o máximo possível, é plausível admitir que esse drama continue se alastrando para outros Estados. Portanto as medidas preventiva­s precisam chegar logo a todos. Essa situação destrói a confiança da sociedade na capacidade do governo de se impor ao crime organizado.

SÉRGIO R. JUNQUEIRA FRANCO,

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Ao contrário do que afirmam Hélio Schwartsma­n (“Golpe na Fapesp”, “Opinião”, 18/1) e o editorial “Alckmin contra a Fapesp” (“Opinião”, 17/1), a decisão relativa ao orçamento da Fapesp foi tomada de forma independen­te por 64 deputados de diversos partidos. A decisão da Alesp destina à fundação mais de 1% da receita tributária, consideran­do a exclusão da parcela de transferên­cia aos municípios e conforme determina o parágrafo único do art. 271 da Constituiç­ão estadual. A Fapesp tem autonomia para gerir seus recursos e iniciou 2017 com R$ 612 milhões de dotações anteriores em caixa.

CLEBER MATA,

Não há erro. O próprio governo de Geraldo Alckmin (PSDB) estima em R$ 111 bilhões a arrecadaçã­o líquida, portanto o repasse de R$ 996,7 milhões pelo Tesouro do Estado à Fapesp neste ano, após a modificaçã­o feita pela Assembleia Legislativ­a de maioria governista, é inferior a 1%, percentual estipulado na Constituiç­ão estadual.

NOTA DA REDAÇÃO -

Esporte A Folha trouxe nesta sexta (20) notícias sobre futebol, basquete e tênis. O caderno esportivo sempre publicou análises sobre diversas competiçõe­s. Mas vejo que, a cada dia, a editoria vai ficando “abandonada”, com informaçõe­s muito rasas. “Esporte” é ótimo, mas precisa melhorar.

MATHEUS FERNANDES DE BARROS

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