Folha de S.Paulo

Massoterap­euta e mãe também foram vítimas de desastre

Grupo Emiliano informou que jovem prestava serviço a empresário, que passava por tratamento no ciático

- ELIANE TRINDADE

Teori e Filgueiras eram bastante diferentes: o empresário, leve e exuberante; Teori, formal e ‘germânico’

O Grupo Emiliano, proprietár­io do avião que caiu em Paraty causando a morte do ministro do STF Teori Zavascki e de mais quatro pessoas, informou nesta sexta (20) o nome de duas passageira­s que ainda não haviam sido identifica­das.

Segundo o grupo, elas eram “Maira Ilda, 23, e a mãe dela, Maria Ilda, 55”. A Folha apurou que se trata de Maíra Lidiane Panas Helatczuk e Maria Hilda Panas.

“Maira era massoterap­euta e prestava serviço a Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, que passava por tratamento no ciático”, informa a nota do grupo. “Maria Ilda, professora da rede infantil de ensino, veio de Juína, em Mato Grosso, visitar a filha, que morava em São Paulo.”

De acordo com o comunicado, Filgueiras, o dono do grupo que também morreu no acidente, convidou as duas para um fim de semana em Paraty. Entrevista­dos disseram à reportagem se tratar de um presente pela ocasião do aniversári­o de Maria, no último domingo.

Uma amiga de Maíra informou à Folha que a jovem era amiga do empresário. De acordo com ela, a garota, que cursaria o segundo semestre de Fisioterap­ia no campus Vergueiro da Unip, em 2017, era massoterap­euta estagiária em uma empresa que prestava serviços em hotéis e domicílios.

Janaína Almeida, 30, concunhada da irmã de Maíra, afirmou à Folha que a família ficou em estado de choque. Moradora de Juína, Jaque Curzell, 19, afirmou à reportagem que Maíra era muito querida por todos.

Jaque foi aluna de Maíra, que dava aulas de dança na cidade antes de se mudar para São Paulo. Maíra ensinava balé, jazz, zouk, dança do ventre e dança de salão.

A jovem morava em São Paulo havia três anos e, desde dezembro, vendia produtos detox, como sopas, da marca Alô Detox.

“Ela era um ser humano que almejava o sucesso, sempre positiva, honesta e digna. Nem nas dificuldad­es ela chorava”, diz a colega de faculdade Ieda Barreto.

Descrevend­o a amiga como “humilde” e “dedicada”, ela conta que Filgueiras tinha “um carinho por ela [Maíra] como se fosse sua filha”. “Ela fez essa viagem para auxiliálo e levou a mãe porque ela estava aqui de férias”, diz.

No perfil de Maíra Panas no Facebook, a jovem aparece em várias fotos dançando modalidade­s como balé e dança do ventre. Há também imagens dela se exercitand­o em um pole dance. PRESSÃO Teori e Filgueiras eram dois amigos improvávei­s. “Selfmade man”, o empresário é descrito como uma figura leve, festeira, exuberante. Gostava de música, charutos e mulheres bonitas e jovens.

Já o ministro do STF era um tipo pouco sociável, formal e de temperamen­to mais germânico, que virou hóspede frequente do hotel Emiliano, nos Jardins, quando acompanhou o tratamento de câncer da mulher.

Ao ficar viúvo em 2013, Teori continuou próximo ao empresário. Sempre que queria fugir de Brasília e das pressões de ser o relator da Lava Jato, o ministro buscava a companhia de Filgueiras, com quem podia falar de vinho, de arte. “Uma tragédia os uniu e outra os levou”, resume um amigo.

 ?? Reprodução/Facebook ?? A jovem Maíra Panas, 23, e sua mãe, Maria Panas, mortas em acidente na quinta-feira
Reprodução/Facebook A jovem Maíra Panas, 23, e sua mãe, Maria Panas, mortas em acidente na quinta-feira

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