Folha de S.Paulo

Hotel mantém discrição sobre morte de proprietár­io

- MAGÊ FLORES

Não foi uma noite comum no elegante hotel Emiliano, na rua Oscar Freire, em São Paulo. A equipe de televisão posicionad­a na calçada até tarde evidenciav­a isso. Da porta para dentro, no entanto, os sinais se enfraqueci­am.

O coeso (e intenso) treinament­o da equipe tornava as más notícias desta quinta-feira (19) algo menor, a não ser discutido. No avião que caiu em Paraty (RJ) estava o proprietár­io do hotel, Carlos Alberto Filgueiras.

Naquele hotel-butique, de poucos quartos (56) e muitos funcionári­os (são, em média, quatro para cada hóspede), a orientação parecia ser a de manter a hospitalid­ade.

Sorrir com simpatia, deixar eleganteme­nte o assunto minguar, caso surgisse na conversa.

A mordoma, funcionári­a mais próxima de quem está no hotel, se permite lamentar o ocorrido enquanto apresenta o quarto. “É um dia muito triste, mas tenho certeza que ele queria todo mundo feliz”, diz, com voz embargada.

A suíte luxo, a mais simples delas, tem diárias a R$ 2.130: uma confortáve­l cama adornada com enorme pilha de travesseir­os e envolta em lençóis de algodão egípcio, gavetas refrigerad­as no lugar de um frigobar e um vaso sanitário aquecido e que funciona como bidê, com controle de pressão da água.

O empresário, que tinha seu filho Gustavo Filgueiras como principal administra­dor do hotel, era muito presente, todos dizem. “Cheio de energia”, disse o chef José Barattino, que esteve na cozinha do Emiliano por oito anos. “Exigente e generoso”, disse Laurent Suaudeau, de quem foi cliente. “Só coração, um guia e gênio do serviço”, disse Paula Simonsen, relações públicas do hotel.

E esse serviço, discreto como pode ser. “A operação do restaurant­e tem que continuar. O que fazemos há 15 anos seguiremos fazendo”, diz o maître durante o jantar.

No cardápio do restaurant­e, um “robalo de Paraty” evidencia a relação da família com o lugar.

O avião do acidente era muito usado pelo empresário, inclusive para trazer peixe fresco, diretament­e do mar, para a cozinha do hotel.

Filgueiras conhecia bem a região, dizia ser um “homem do mar”. E era exigente com a segurança daquele avião. Perguntava regularmen­te sobre sua documentaç­ão.

 ?? Guilherme Stutz/Futura Press/Folhapress ?? Hotel Emiliano, um dos mais luxuosos de São Paulo, cujo dono morreu no acidente
Guilherme Stutz/Futura Press/Folhapress Hotel Emiliano, um dos mais luxuosos de São Paulo, cujo dono morreu no acidente

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