Folha de S.Paulo

Odebrecht vai revelar contas e doações feitas desde 2000

Termos do acordo firmado entre a empreiteir­a e a força-tarefa da Lava Jato ainda precisam ser homologado­s pelo juiz Sergio Moro

- ESTELITA HASS CARAZZAI

O acordo de leniência entre a empreiteir­a Odebrecht e a Operação Lava Jato, firmado em dezembro e que veio a público nesta sexta-feira (20), determina que a empresa identifiqu­e todas as contas que mantém no exterior e todas as doações eleitorais feitas pelo grupo nos últimos 16 anos.

Foram oito eleições no período, quatro delas presidenci­ais, desde 2000.

Ao longo desses anos, a Odebrecht virou uma das principais financiado­ras de campanha do país.

A empresa deve entregar ao Ministério Público Federal uma lista consolidad­a das doações, indicando o valor, a data, o beneficiár­io e quem autorizou o pagamento.

O acordo ainda prevê que a empreiteir­a faça uma lista de todos os beneficiár­ios de propina que atualmente tenham foro privilegia­do.

Ambas as listas devem ser entregues em 60 dias a partir da assinatura do termo.

A empreiteir­a ainda precisará identifica­r todas as empresas e contas no exterior que tenham sido usadas para fins ilícitos, fornecer o saldo, o extrato e os documentos, e abrir mão de todos os valores, fora o pagamento da multa de R$ 3,8 bilhões. Somando o acordo com a Braskem, o grupo deve pagar, no total, R$ 6,7 bilhões em multa. ‘HONESTIDAD­E’ O termo do acordo de leniência foi anexado nesta sexta (20) à ação de improbidad­e administra­tiva a que a Odebrecht responde na Justiça Federal do Paraná.

O acordo ainda precisa ser homologado pelo juiz federal Sergio Moro.

Em outros trechos do documento, ainda fica estabe- lecido que a Odebrecht deve “portar-se com honestidad­e, lealdade e boa-fé”, conduzir investigaç­ões internas para desbaratar ilícitos e implantar um programa de integridad­e em 90 dias após a homologaçã­o do acordo.

O Ministério Público Federal, por sua vez, se compromete a “realizar gestões” com outras autoridade­s públicas que queiram celebrar acordos com a Odebrecht, além de emitir certidões atestando “a extensão da cooperação da colaborado­ra, incluindo o grau de relevância dos fatos revelados”.

O acordo de leniência foi firmado concomitan­temente com autoridade­s dos EUA, Suíça e Brasil.

Além da leniência, executivos da Odebrecht fecharam acordo de delação premiada que está à espera de homologaçã­o pelo STF no qual eles revelam atos de corrupção que foram praticados.

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Eduardo Anizelli - 18.dez.16/Folhapress Fachada da Odebrecht na zona oeste de São Paulo; empresa firmou acordo de leniência

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