Disparada da violência leva medo ao RS
Estado vive crise de segurança, com mortes nas ruas e superlotação de presídios; salários de servidores foram parcelados
Homicídios subiram 128% na comparação de 2016 com 2010; mãe foi assassinada na porta de escola à espera do filho FOLHA,
Luiz Fernando Schilling, 29, foi morto a facadas num assalto ao defender a irmã. Cristine Fonseca Fagundes, 44, levou um tiro na cabeça enquanto esperava o filho de 10 anos sair da escola. A filha mais velha estava no carro e viu a mãe morrer. Antonio Cascaes Martins, 78, morreu com um tiro no peito durante o trabalho na sua barbearia, um ofício de 50 anos.
Homicídios como esses, ocorridos em 2016, em Porto Alegre, aumentaram 128% no Rio Grande do Sul na comparação do primeiro semestre de 2010 com o primeiro semestre de 2016 —de 39 para 89. Se comparado aos seis primeiros meses de 2015, esse crime cresceu 35%.
O Estado vive uma crise de segurança sem precedente, com corpos degolados nas ruas, disputa entre facções e superlotação de presídios —detentos são algemados em lixeiras por falta de vagas. O Presídio Central tem 4.700 detentos para 1.800 vagas.
Com a crise, o presidente Michel Temer (PMDB) anunciou um presídio federal no Estado, sem data e local para início das obras.
O governador José Ivo Sartori (PMDB) tem parcelado os salários dos servidores há um ano. Para tentar diminuir o deficit, Sartori enviou à Assembleia um projeto que extingue órgãos —os deputados já aprovaram o fim de três secretarias e oito fundações. POLICIAIS INSATISFEITOS Desde 2015, policiais civis fizeram diversas greves, e militares ficaram “aquartelados” —eles são proibidos por lei de fazerem greve. “É tenebroso [o parcelamento]. O pessoal fica sem vontade [de trabalhar] e só faz o básico”, diz Fábio Castro, vice-presidente do Ugeirm (Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia).
Por causa da crise das finanças gaúchas, não há perspectiva de regularizar o pagamento de salários em curto prazo. A Secretaria Estadual da Segurança informou que, apesar dos parcelamentos, os policiais estão recebendo o reajuste salarial que foi determinado no final do governo anterior, de Tarso Genro (PT).
Só neste ano, 2.889 PMs deixaram o serviço público, segundo a Abamf (Associação dos Servidores de Nível Médio da Brigada Militar). Nas ruas, são 16 mil policiais. Há dois anos, eram 23 mil. A secretaria diz que 1.900 policiais estão em formação. OSCAR VILHENA VIEIRA Hoje, excepcionalmente, não é publicada a coluna