Achados arqueológicos revelam rica ‘dieta mediterrânea’ na Pré-História
Há 780 mil anos, consumia grande variedade de plantas e animais, diz estudo
Restos de material botânico encontrados em Israel indicam 55 espécies diferentes de plantas e uso de fogo
“O que mostramos em nosso artigo é que a dieta era muito mais ampla, mais componentes foram integrados nela e isso incluiu muitos componentes tanto da fauna e da flora do bioma mediterrâneo”, disse Goren-Inbar à Folha.
O sítio revelou mais de 100 mil fragmentos de plantas, incluindo 22.714 sementes ou frutos. Mas a parte “comestível” compreendia “apenas” 9.148 restos de plantas, de pelo menos 55 espécies (em alguns casos era difícil distinguir a espécie exata, apenas o gênero).
Diferentes partes das plantas eram consumidas; poderiam ser as folhas verdes, as raízes, os frutos. Podiam ser comidas cruas, cozidas, tostadas. As fontes de energia mais eficientes em termos de nutrição eram os grãos.
Qual era a comida a preferida? “Nós não temos a resolução para discutir as preferências diárias, mas claramente castanhas —e particularmente castanhas-d’agua— foram as favoritas e foram encontradas em relativa abundância nos diferentes locais de Gesher Benot Ya’aqov”, disse Goren-Inbar.
“A cultura material —ferramentas de pedra, milhares delas— são muito africanas em suas características. Isso significa que, em algum momento, os hominídeos saíram da África e, posteriormente, preservaram essa tradição de fazer artefatos de pedra. Contudo, o continente africano fornece uma seleção muito diferente de plantas comestíveis”, diz o pesquisador israelense.
“E se encontrarmos a tradição africana com a flora mediterrânica local, isso significa que os hominídeos tinham um grande poder de adaptação. Esse traço de adaptação fantástico e conhecimento da flora e fauna locais claramente lhes permitiu se estabelecerem mais tarde em outras partes do Velho Mundo que tinham diferentes ou parcialmente diferentes faunas e floras”, conclui Goren-Inbar.