A biblioteca também tem uma relação muito próxima com a Companhia das Letras.
Ele vai ser continuado. Estamos inclusive em contato com a Biblioteca [Brasiliana Guita e José] Mindlin, que já tem um acordo com o BNDES. Eles vão nos ajudar na troca de experiências. A ideia é digitalizar o acervo, não há dúvida. Mas é importante definir o que estamos digitalizando O que será priorizado?
Os periódicos mais frágeis e livros raros. Mas, pelo que aprendi em seis dias de Biblioteca Mário de Andrade, o critério é temático. Não é por data. Você cria um tema e digitaliza tudo o que ele engloba. O ideal seria começar com cem anos de modernismo. Estou muito feliz de dar continuidade a esse projeto. Há problemas localizados que devem ser enfrentados. Qual legado gostaria de deixar para a biblioteca?
Eu me sentiria muito, mas muito, muito glorioso se conseguisse resolver problemas de circulação de ar. É um calor horroroso. Aquele corredor de vidro é inadequado. Preciso conversar com o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] para saber como isso foi permitido. É uma estufa. Até pensei em fazer uma exposição de orquídeas ali, está nos meus planos. É a única coisa que posso fazer lá, além de reclamar. Os funcionários ficam lá oito horas por dia. As queixas são generalizadas. Como era sua relação com a biblioteca até agora?
A Cosac Naify doava livros, o que não era a regra, a maior parte das editoras vende livros para cá. Em 2016 não houve nenhuma aquisição, o ano passou a base de doações.
A documentação que a prefeitura exige de editoras para comprar livros é muito severa. Isso impede.
O que ocorre é que acabamos comprando livros de distribuidores ou de editoras que têm os papéis em dia, que são poucas. Há planos de retomar a compra de livros?
A gente não pode não comprar livros. É impossível. A gente vai ter que criar essa rede de aquisição, de doação, passar o chapéu e falar com as editoras. A gente tem de ser referência, ter tudo, não pode emprestar livros de outras bibliotecas. Tem de ser ao contrário. Qual é a maior crise da BMA?
Existe o problema da liberação do trabalho voluntário. O secretário André Sturm está providenciando isso para a Secretaria Municipal de Cultura.
Há pessoas que querem trabalhar como voluntários aqui, mas não podem. Isso vai ser um grande alívio. Há 93 pessoas trabalhando aqui. Seis vão se aposentar neste ano e não serão substituídas. O alívio do trabalho voluntário é emergencial.