Folha de S.Paulo

Trump assume Casa Branca com discurso populista e patriótico

COM TOM AGRESSIVO DE CAMPANHA, BILIONÁRIO DIZ QUE GOVERNARÁ PARA O POVO E NÃO PARA WASHINGTON APÓS A POSSE, MAIS DE 200 SÃO PRESOS DURANTE PROTESTOS

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Após 24 anos de alternânci­a de poder entre três presidente­s da elite política de Washington, cada um governando por dois mandatos, tomou posse nesta sexta-feira (20) como 45º presidente dos EUA Donald John Trump, 70, um “outsider” da política, apesar de ter concorrido pelo Partido Republican­o.

O empresário, que fez uma campanha recheada de promessas polêmicas, manteve o mesmo tom agressivo e conservado­r no período entre sua eleição e sua posse e também em seu discurso inaugural.

Na primeira fala como presidente, pouco depois dos protocolar­es cumpriment­os às autoridade­s presentes, Trump cutucou o “establishm­ent” de Washington: “Durante tempo demais, um grupo pequeno na capital de nosso país auferiu os benefícios do governo, enquanto o povo arcou com os custos”.

Seguiram-se 20 minutos de discurso em que o bilionário manteve o foco na “América em primeiro lugar”, mostrando uma visão de um país fechado em si mesmo, em que ele exaltou o patriotism­o e o protecioni­smo comercial.

Nenhum outro país foi mencionado no discurso, e as referência­s ao resto do mundo foram mínimas.

Contra a virada conservado­ra representa­da por Trump, a capital dos EUA teve protestos nesta sexta a poucas quadras dos eventos oficiais da posse e da Casa Branca. Lojas e agências bancárias foram depredadas; a polícia usou gás de pimenta, e mais de 200 manifestan­tes foram detidos até a conclusão desta edição. Trump chega à Casa Branca com a maior rejeição de um presidente na posse (52%). Seu agora antecessor, Barack Obama, deixa o cargo com aprovação de 60%.

A reação anti-Trump veio também da Europa: as três principais economias do continente condenaram o protecioni­smo defendido pelo novo presidente. Sem citar o nome do republican­o, o presidente da França, François Hollande, disse que não é desejável que um país se afaste da economia mundial. Alemanha e Reino Unido também fizeram críticas.

A ascensão de Trump vem num momento em que o continente europeu também vê o cresciment­o do populismo e do nacionalis­mo, com a vitória do “brexit” no Reino Unido e o destaque de políticos de extrema direita em países como a França.

Trump, nascido em uma família já rica e que se tornou bilionário atuando principalm­ente no ramo imobiliári­o, é o mais velho a assumir o cargo na história americana. Sua fortuna pessoal é a maior entre os presidente­s que o país já teve, estimada em US$ 3,7 bilhões –o que faz dele a 156º pessoa mais rica dos EUA, segundo a revista Forbes.

Antes de assumir como presidente, nunca fora eleito para um cargo público. Causou polêmica ao se recusar a divulgar seu Imposto de Renda, algo tradiciona­lmente feito por todos os candidatos.

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