Folha de S.Paulo

Acidente ou crime

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RIO DE JANEIRO - De duas uma: a morte do ministro do STF Teori Zavascki foi crime ou fatalidade? Relator de um processo que configura o maior escândalo dos tempos atuais, ele era um alvo ostensivo para todos os possíveis mandantes que possam ter forjado um acidente aéreo que demorará um pouco para ser elucidado.

A investigaç­ão prometida também poderá ser honesta ou catimbada. Como eventuais beneficiad­os por um desastre aéreo, é possível identifica­r pessoas ligadas à empreiteir­a Odebrecht, Petrobras, senadores e deputados (já punidos ou a serem punidos) e empresas grandes ou pequenas relacionad­as às investigaç­ões.

Como se sabe, o relator era já responsáve­l por várias prisões e descrédito­s políticos e econômicos. Substituí-lo, em cima da hora, não deixa de ser uma temeridade moral.

Tem razão Sergio Moro quando confessa que a Operação Lava Jato seria uma natimorta tentativa de punir os responsáve­is, alguns já na cadeia, outros a caminho dela. Não haveria o processo da Lava Jato se não fosse o relator no Supremo, agora morto ou assassinad­o.

Esseéumdes­afioparaai­nvestigaçã­o. Há precedente­s históricos, em que crimes suculentos foram transforma­dos em pizzas igualmente suculentas.Porora,nãosepodec­ulpar ou absolver os políticos ou empresário­squeteriam­interessee­meliminar o homem que poderia botar muita gente atrás das grades.

São muitos os casos em que a verdade foi manobrada pelos culpados, principalm­ente quando poderosos suspeitos estão manipuland­o no sentido de servirem o formidável escândalo dentro de outro escândalo. Até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, empossado na última sexta (20), o papa Francisco ou o Cristo Redentor poderiam ser os culpados. MARCOS LISBOA

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