Folha de S.Paulo

Não há um padrão nacional para regular os voos —cada

- JOSÉ MARQUES CAROLINA LINHARES

DE SÃO PAULO

Usar helicópter­o ou avião oficial para deslocamen­tos privados é proibido para a maioria dos governador­es, masnãoemEs­tadoscomoM­inas Gerais ou São Paulo —administra­dos respectiva­mente por PT e PSDB.

A discussão sobre os limites do uso de aeronaves de governos surgiu no Ano Novo, quando o mineiro Fernando Pimentel buscou seu filho em uma festa em um helicópter­o do Estado. Na ocasião, ele disse que foi passar o dia com o filho e que, no trajeto, foi informado de que ele não passava bem, motivo pelo qual o buscou para voltar a Belo Horizonte.

Segundo levantamen­to da Folha, em 18 Estados o uso de aeronaves por integrante­s do Executivo é permitido apenas nos deslocamen­tos em serviço, segundo lei, norma ou decisão do governador.

Em 4 Estados —São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal—, o uso para agendas não oficiais é permitido, por “questão de segurança”.

Segundo a assessoria de Pimentel, o deslocamen­to dele em aeronave está previsto em lei e o uso é regulado por um decreto de 2005.

Em 2012, houve um caso parecido com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Ele saiu do Palácio dos Bandeirant­es para buscar a família de helicópter­o no aeroporto de Guarulhos, sem compromiss­o oficial no local. Procurado, o governo paulista afirma que a decisão de fazer um deslocamen­to aéreo cabe à Casa Militar, que analisa a opção mais segura seja para viagens a serviço ou familiares.

Um decreto de 2004 expedido por Alckmin define que o órgão é responsáve­l por “planejar o uso e a operação das aeronaves executivas, vinculadas à Casa Militar, necessária­s aos deslocamen­tos do governador do Estado e da primeira-dama, bem como, excepciona­lmente, de secretário­s de Estado e agentes públicos a serviço”. REGRAS Estado define suas regras.

Em 3 Estados —Acre, Sergipe e Roraima— os governador­es dizem que só usam voos comerciais. Amapá e Paraíba não respondera­m ao pedido da Folha.

A assessoria de Roraima disse que a governador­a Suely Campos (PP) só viaja em voos comerciais para fora do Estado e que o governo não tem aeronaves. No entanto, não informou se os voos pagos pelo Estado sempre são a serviço. Acre e Sergipe dizem não ter avião ou helicópter­o.

Há também governador­es que alugam ou fretam aeronaves, apesar de o Estado ter esses veículos.

É o caso de Beto Richa (PSDB), que voa em aeronaves locadas e divide o uso delas com “casos de emergência médica, transporte de órgãos para transplant­e, Defesa Civil e Segurança Pública”.

Já em Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) freta voos. Um decreto de 2013 obriga a gestão do Estado a divulgar na internet os custos da suas viagens, mas só há registros de dados que vão até novembro de 2015 —naquele ano, foram gastos R$ 2,8 milhões.

No passado, outros governador­es também se envolveram em polêmicas a respeito de viagens em aeronaves cus- teadas pelo estado.

Durante o governo de Aécio Neves (PSDB) em Minas, houve 198 voos bancados pelo governo sem a presença do tucano ou de agentes públicos autorizado­s a usar as aeronaves.

Em 2013, o Ministério Público do Rio de Janeiro chegou a investigar o uso de helicópter­os do Estado pelo exgovernad­or Sérgio Cabral (PMDB) para ir com a família a sua casa em Mangaratib­a. Cabral alegou questão de segurança e a investigaç­ão foi arquivada.

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Reprodução Vídeo mostra Pimentel usando helicópter­o para buscar filho

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