Folha de S.Paulo

Bilionário toma medida contra o Obamacare

- MARCELO NINIO

Donald Trump começa a exercer a Presidênci­a dos Estados Unidos em “guerra” com a imprensa, de acordo com a sua própria definição.

Foi o primeiro discurso de Trump desde que ele passou a dormir na Casa Branca, após o ritual da posse na sexta (20). Trump escolheu para a estreia a sede da CIA (Agência Central de Inteligênc­ia), onde buscou dissipar as notícias que a mídia “desonesta” propagou sobre atritos entre o presidente e as agências de inteligênc­ia.

“Estou com vocês 1.000%. E a razão de vocês serem a minha primeira opção é que, como EI. O terror islâmico radical vocês sabem, eu tenho tem que erradicado da face uma guerra em curso com a da Terra. Ele é o mal num nível mídia, eles estão entre as pessoas que jamais vimos”, disse. mais desonestas da Terra”, O presidente voltou a uma disse Trump, arrancando tese que gostava de repetir na aplausos da plateia de 300 campanha, de que os EUA deveriam funcionári­os da CIA. ter ficado com o petróleo

Numa conversa de pouco quando invadiu o Iraque. menos de 20 minutos, Trump “Ao vencedor, o espólio”, usou sua experiênci­a como disse. “Se tivéssemos ficado apresentad­or de TV para tentarcati­varosagent­escombrinc­adeiraseah­abitualrep­etição com o petróleo não teríamos o EI, porque é como eles ganham dinheiro, deveríamos desuperlat­ivosparade­finircomo ter ficado com o petróleo. será seu governo, de “fantástico” Mas talvez vocês tenham a “incrível”. outra chance”, disse, dirigindo-se

“Temos que nos livrar do aos agentes.

O presidente Trump discursa a funcionári­os da CIA em frente ao mural em homenagem a agentes mortos em serviço

Sobraram elogios a si mesmo, como é de praxe.

“Eles dizem: Donald Trump é um intelectua­l? Acreditem, eu sou uma pessoa esperta”, disse, arrancando risadas da plateia.

Em tom jocoso, Trump criticou o arquitetur­a do prédio da CIA, em especial as colunas em estilo romano. O presidente, que tem 70 anos e é o mais velho da história dos EUA, disse que se sente jovem, “com 35, 39 anos” e afirmou, com ironia, que “provavelme­nte” todos ali haviam votado nele. “Mas não vou pedir para que vocês levantem a mão.” Foi aplaudido.

Trump também atacou a mídia pela estimativa de público baixo em sua posse. Segundo o presidente, apesar das estimativa­s apresentad­as pela imprensa, e pelas imagens de espaços vazios no National Mall, em Washington, a multidão teria se estendido do Congresso até o Washington Monument, que fica no meio do Mall.

“Parecia ser 1 milhão ou 1,5 milhão de pessoas”, disse, debochando de estimativa­s de que o público teria sido de 200 mil pessoas. O número real foi bem abaixo dos 900 mil esperados na véspera e longe dos 1,8 milhão de pessoas na primeira posse de Barack Obama, em 2009.

Mais tarde, o secretário de imprensa do presidente, Sean Spicer, afirmou que a posse de Trump registrou a “maior audiência” da história, tanto presencial­mente quanto na TV. Ele não apresentou números.

Na manhã de sábado (21), Trump participou de um ato ecumênico na Catedral Nacional de Washington.

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Poucas horas após assumir a Casa Branca, Donald Trump tomou sua primeira ação contra o Obamacare— a lei de reforma da saúde do antecessor—, ordenandoa­agênciasdo­governo paralisar regulament­ações e adotar medidas para enfraquecê-lo.

Aordemexec­utiva(equivalent­e a um decreto presidenci­al)instruiose­cretário de Saúde (ainda não confirmado pelo Congresso) e as agências a “exercer toda a autoridade e discernime­nto para isentar, adiar, garantir exceções ou atrasar” a implementa­ção de exigências do Obamacare que imponham “um fardo orçamental”aEstados,empresas ou indivíduos.

Otextodiz,porexemplo, que os órgãos podem isentar de multa quem não possuiplan­odesaúde—aobrigator­iedade de ter um seguro é um ponto central do programa de Obama.

Trump solicitou esforços para conceder aos Estados maior flexibilid­ade para implementa­r programas de saúde enquanto desenvolve “um mercado livre e aberto para a oferta de serviços de saúde e convênios médicos”.

A ideia é tentar frear a aplicação do programa enquanto não consegue acabar com ele.

Revogar o Obamacare, uma das marcas registrada­s do governo Obama, é uma promessa de campanha de Trump. Porém, ainda não foi apresentad­o um plano para substituí-lo.

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Carlos Barria/Reuters Republican­o afirma estar ‘1.000%’ com a CIA e repete necessidad­e de erradicar da Terra o ‘terror radical islâmico’

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