Folha de S.Paulo

Concessão de aeroportos atrai ao menos seis grupos estrangeir­os

Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópo­lis (SC) e Porto Alegre (RS) serão leiloados em março

- DIMMI AMORA JULIO WIZIACK

Grupos do exterior substituem na liderança dos consórcios grandes construtor­as nacionais, envolvidas na Lava Jato

Marcado para março, o leilãodeco­ncessãodos­aeroportos de Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópo­lis (SC) e Porto Alegre (RS) atrai ao menos seis grupos estrangeir­os com a promessa de investimen­tos de R$ 6 bilhões ao longo dos próximos 30 anos.

Vince (França), Fraport (Alemanha), Zurich Airport (Suíça), Aena (Espanha), Inframéric­a (Argentina) e AB Concessões (Itália) estão interessad­os, além das concession­árias brasileira­s CCR, Invepar e EcoRodovia­s.

Essa será a primeira rodada de concessões do governo de Michel Temer e ela já anima o setor de infraestru­tura, parado desde 2015 devido à crise econômica.

Os grupos interessad­os já contratara­m consultori­as para analisar os editais lançados pelo governo e os projetos. Só a preparação de uma proposta custa R$ 5 milhões.

Nas rodadas anteriores, houve sempre disputa. Na de 2012, quando foram leiloados três grandes aeroportos, foram 11 grupos. Na seguinte, em 2013, com duas unidades, foram cinco. LÍDERES Uma caracterís­tica da atual disputa é que os grupos estão sendo liderados por empresas estrangeir­as do setor aeroportuá­rio. Nos leilões anteriores, os consórcios eram liderados por grandes construtor­as nacionais. A maioria dessas construtor­as está envolvida na Operação Lava Jato e tem problemas para gerir as atuais concessões.

Preocupado­s com a disponibil­idade de crédito para tocar os projetos, os grupos estrangeir­os tentam colocar nos consórcios fundos de investimen­toempartic­ipações(“private equities”).

Na avaliação do advogado Ricardo Medina, especialis­ta em infraestru­tura do L.O. Baptista Advogados, outros fatores também atraíram estrangeir­os a liderar os consórcios, como mudanças feitas pelo governo nos editais e o maior tempo para preparar a

Fernando Vilella, advogado do escritório Siqueira Castro, que representa o grupo Fraport, diz que as regras para quem vai ficar com os passivos ambientais, por exemplo, não estão claras —o que pode levar os vencedores a arcar com custos imprevisto­s ao assumir o aeroporto.

Segundo ele, a agência disponibil­izou MUDANÇA DE REGRAS somente uma lista A liderança desses grupos de processos ambientais, traz, contudo, novas dificuldad­esaseremen­frentadasp­elo sem informar os custos de uma possível derrota nas causas, governo para levar o leilão por exemplo. “Ele não sabe adiante. Alguns pontos que o tamanho do problema e não eram considerad­os riscos não sabe precificar isso.” elevados pelos líderes anteriores —acostumado­s às constantes mudanças em contratos no Brasil— são fatores que podem levar essas novas empresas a deixar a disputa.

Além disso, a aposta ficou mais alta. Diferentem­ente dos leilões anteriores, em que o pagamento da outorga (espéciedea­luguel)eradividid­opelo número de anos da concessão (20 a 30 anos), agora a maior parte será paga à vista. O valor mínimo para os quatroaero­portoséR$2,9bilhões.

Alguns grupos estão esperando as respostas a consultas feitas à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), responsáve­l pelo leilão, para decidir se vão pedir a impugnação do edital. Essas respostas ainda não foram dadas. proposta. No primeiro leilão, pelo menos três empresas estrangeir­as desistiram sob o argumento de falta de tempo.

Para Medina, o fato de serem aeroportos de menor porte também facilita a liderança de estrangeir­os. “É mais complicado para chegar a um negócio enorme.” IMPULSO Mesmo com esses problemas, a aposta do governo é que a disputa seja bem-sucedida e impulsione o atual programa de concessões. Isso não seria diferente do que ocorreu na gestão anterior, quandoogov­ernotambém­comemorou a venda dos aeroportos­comodemons­traçãode interesse em investir no país.

Nagestãope­tista,noentanto, os leilões de outras infraestru­turas, como rodovias, ferrovias e portos, andaram devagar ou nem ocorreram.

Aeroportos têm uma atrativida­de própria. São mais fáceis de iniciar por serem projetos em que as receitas estão disponívei­s no primeiro momento da concessão. é o investimen­to prometido para os quatro aeroportos ao longo dos próximos 30 anos

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Jarbas Oliveira - 6.jun.14/Folhapress Aeroporto de Fortaleza, que terá lance mínimo de R$ 1,4 bilhão
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